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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O privado não se reparte

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publicado em 24/01/2023 às 07h00
atualizado em 24/01/2023 às 05h10

   Isso mesmo. Não se reparte. O que passou, já foi.

    Quando o presente se define como o ‘depois de’, há um vazio que anda de mãos dadas, e quando o presente é um ‘depois de’, cheio e encantador, os sinais das mãos faz o peito respirar, e os abraços demasiados sensíveis a qualquer mudança –  é uma sensação nova,  boa, que dura pouco. Aproveitem

   Às vezes uma espécie de ressaca do mar, às vezes um silêncio que não tem fim.

   No corpo e na alma, a saudade da vida de um dia completo de sonho embalado por tomar conta do ato contínuo, enquanto o deixamos aos cuidados dos outros. É complicado, todo cuidado é pouco.

    Tão singelo cuidar de alguém como o desejo da canção “te quero só pra mim você mora em meu coração”, mas não existe esse só pra mim, a liberdade se expande até para os que estão acorrentados. Coragem!

     Mas nem tudo são margaridas O cravo sempre brigou com a rosa.

     Nunca compartilhe o privado. Nem saia por aí dizendo o que lhe aconteceu, não diga o que tem, preserve-se no privado.

     Se a realização é sóbria ou louca, mas de um rigor atonal e um vigor indesmentível, como na fotografia daquele momento e uma música começa a fazer parte, certamente inspirada –  quero dizer igualmente da representação daquele momento, mas deixa no privado.

      Se a conversa começa nervosa, vigorosa, até meio emocionada, que pode ser sempre credível, jamais pertubadora, guarda e não espalha.

       O delirante e discreto amor é um trabalho secreto, porém inesquecível.

       Isso acontece com qualquer coisa, qualquer sina que transfigura para outro retrato, que nem sempre busca a sobrevivência da moldura.

      Se algo se avizinha, se algo saiu do controle, controle-se, não perca a cabeça, nem peça refúgio. Deixa no privado, zele pelo outro.

      Quase nada sei dessa vida, até alguém me dizer no privado: “não vale nada o K” em tom de brincadeira. Eu digo sempre: “tô brincando”

     Já gozei de em outras vidas, com a juventude num asilo solar, o mundo, até ouvi de uma mulher, uma grande mulher, que nós que nascemos em cidades do interior, temos mais chances de se lançar em muitos sentidos, mas ninguém com seus jogos imaginários podem figurar como vitoriosos. O que não dá é morder e assoprar

     A evolução que trago de casas, livros, saraus, amores, pessoas inúmeras com quem convivi e sigo, me apontam um ser entusiasta.

     Mas insisto, o privado não se reparte.

Kapetadas

1 – Quando a pessoa fala que ama fulano de graça, sempre fico pensando quanto ela paga para amar os demais.

2 – Se estupidez adiantasse, seríamos um povo adiantado.

3 – Som na caixa: “Quem me vê, vê nem bagaço/Do que viu quem me enfrentou/Campeão do mundo/Em queda de braço/Vida veio e me levou”, CB

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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