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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

The Fabelmans é um filme de despedidas

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publicado em 31/01/2023 às 07h00
atualizado em 31/01/2023 às 05h23

Acostumado que estava com “Tubarão” (1975), “Os Caçadores da Arca Perdida”  (1981), “E.T – O Extraterrestre”  (1982)· “A Cor Púrpura” de 1998  (este, é o filme da minha vida) ao assistir “The Fabelmans”, de Steven Spielberg, fiquei a pensar sobre a tristeza, na beleza, e certamente nas despedidas, porradas, coisas que marcam desde que somos pequenos.

Sim, “Os Fabelmans” é inspirado na adolescência de Spielberg e no início da jornada cinematográfica do diretor. Aí já é um filme imenso, apesar de a crítica pensar diferente. Tem o lado pragmático, tudo indica para isso, longe, bem longe do paradoxo.

Vive-se bem toda a história da família Fabelmans, que é divertida e amorosa, mas a sensação é que os personagens estão se despedindo o tempo inteiro, principalmente o pai (Burt, Paul Dano e o menino (Sammy)

É impressionante, num mundo completamente banal, as ideias surgem em catadupa que chegam numa velocidade tal, de um cineasta da maior importância para o cinema mundial.

Não gostar de Os Fabelmans, dizer que não é um grande projeto, que se gastou milhões e tem sido fracasso de bilheteria, é como negar a necessidade do filme.

Com a chegada das plataformas e as pessoas, inclusive os críticos, assistem aos filmes deitados em suas camas ou nas cadeiras do papai, é outra coisa.

O filme é uma maravilha, porque fala da vida da gente e testes e mais testes  que nos indicam situações diversas. Resultados obtidos, muito bem-feito, o filme Os Fabelmans abre os olhos para que possamos pensar fora do filme, cara a cara.

Steven Spielberg, não precisa lembrar, é um dos cineastas mais influentes de todos os tempos, conhecido como “pioneiro dos blockbusters” com filmes já citados a cima, que mexem com a imaginação de gerações. Isso mesmo, o cinema de Spielberg tem essa coisa geracional, muito embora Os Fabelmans, é o que mais se aproxima de uma fábula.

Assisti duas vezes para ficar consciente e sensível aos personagens do menino, da mãe, do pai, que surgem nas primeiras imagens do filme.

Em Os Fabelmans, Spielberg aborda a história de Sammy Fabelman (interpretado por dois ou três atores) – uma versão fictícia de si mesmo – um jovem cineasta que, ao explorar o poder do cinema, começa a descobrir a verdade sobre sua família disfuncional – pai e mãe lembram figuras interioranas, até quando o filho cresce e com suas inquietações descobre que a mãe trai o pai com o melhor amigo.

Na verdade, o filme é um sonho de Spielberg, que não deixa transparecer, um sonho que a gente não esquece e sai contando para as pessoas esquecer.

Um retrato dolente e pessoal da infância americana do século 20. Os Fabelmans, é um filme lindo, arrebatador da pureza que narra a história de jovens que crescem descobrindo coisas que não gostariam de saber relacionadas a sua família.

Não tem como não descobrir, o que está relacionado – a vida é uma traição, que é discutida na cara de todos – pai, mãe e irmãos.

É uma família que se revela, para nos ajudar a viver a realidade de uma fantasia, de que outras pessoas sabem, os outros e outros e outros. Sempre em clima de despedidas.

É um filme sobre nós mesmo,  uma carta de amor ao cinema, sobre constelações, mudanças, destinos, primeiros menstros, a dança da vida cheia de despedidas.

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O elenco é impressionante

É formado por Michelle Williams (Manchester à Beira-Mar, Sete Dias com Marilyn), quatro vezes indicada ao Oscar; Paul Dano (Batman, Sangue Negro); Seth Rogen (Steve Jobs, An American Pickle); Gabriel LaBelle (O Predador, série American Gigolo); Jeannie Berlin (Corações em Alta, Vício Inerente); Julia Butters (Era Uma Vez… em Hollywood, 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi); Robin Bartlett (Feitiço da Lua, Meu Mestre, Minha Vida); Keeley Karsten (séries Hunters e Evil Lives Here), e Judd Hirsch (Joias Brutas, Gente Como a Gente), indicado ao Oscar.

PS. Hoje não temos kapetadas

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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