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Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Potiguar, diretor da Comércio PB, presidente da CDL de Cajazeiras e membro fundador efetivo da Academia Cajazeirense de Artes e Letras (Acal).

Rumo ao desastre

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publicado em 06/02/2023 às 10h39

A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (1/2) em manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% deu visíveis contornos da queda de braço instalada entre o Banco Central (BC) e o governo federal. O governo Lula passou a sentir na pele o que significa governar com um Banco Central independente, experimentando logo nos primeiros dias de governo a triste constatação de ter um órgão federal que não poderá manipular fez e nem fazer a indicação para um único cargo.

Com autonomia aprovada pelo Congresso Nacional em 2021, o Banco Central do Brasil comandado pelo brilhante economista Roberto Campos Neto, é respeitado mundialmente e considerado como um modelo mundial exitoso a prova de interferência politica temerária atuando para estabilização da moeda e manutenção do seu poder de compra mantendo a solidez do sistema financeiro.

Enquanto o presidentedestila um rosário de críticasao BC que vão desde o seu modelo de independência passando pela alta taxa SELIC e a meta de inflação extremamente baixa, insistindo na lorotada retomada da economia com aumento dos gastos esquecendo ele que essa cavalar taxa de juro é quem está segurando o dragão da inflação que encontra momentaneamente contido numa taxa razoável de 5,75%.

A PEC da Transição que sepultou a lei do Teto dos Gastos públicos deixou o mercado em polvorosa, mergulhado em incertezas fiscais na ânsia de saber que arcabouço fiscal que o governo irá apresentar para substituir a lei extinta. O ministro “despreparado confesso” Fernando Haddad anunciou para junho essa nova ancora, mas, acuado pelo mercado resolveu antecipar às pressas para o próximo mês de abril. O Haddad foi avisado que enquanto novo arcabouço fiscal não for aprovado pelo Congresso a taxa de juro cavalar de 13,75% não vai baixar, aliás, ela pode até subir. O recado foi dado.

É tudo que o Lula não quer ouvir. A taxa Selic nas alturas trava o investimento das empresas e o consumo das famílias jogando a economia na estagnação gerando um custo político muito alto para os seus primeiros meses de governo.

Ao receber o país com as contas públicas razoavelmente estabilizadas e com a inflação sob controle, Lula corre contra o tempo precisando urgentemente acomeçar a entregar resultados positivos na economia do país até o fim do primeiro semestre, caso contrariocorre sérios riscos irreversíveis de governabilidade, rumo ao desastre, podendo defenestrado do poder como aconteceu com a sua companheira “presidenta”.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB