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Porque estar conectado o tempo todo faz mal a saúde
A sociedade atual não é mais feita por gente conectada, o mundo é dos Hiperconectados. Estamos tão dependentes da internet que vamos moldando nossas vidas para dentro das telas e não ao contrario.
Hiperconexao significa excesso de conexão, não conexão melhor. E dessa forma vamos sendo conduzidos ao excesso e ao abuso da tecnologia.
Trabalhamos, estudamos e nos relacionamos pela vida acelerada das telas. Mas qual o impacto disso? Será que estar super conectado no faz melhores, mais saudáveis e proativos?
Sabemos que a hiperconexao rompe nossas limitações de jornada de trabalho, esticam nossos dias e eliminam o descanso. Porém, estudos sugerem que ser hiper não é tão saudável assim. E que crianças e jovens acabam sendo os mais afetados.
Mas qual os perigos da hiperconexao?
Saude Mental:
Os estímulos gerados pela hiperconectivade causam um cansaço excessivo, por conta do acesso ininterrupto as informações – muitas vezes negativas.
Somando a velocidade e a quantidade de informações disponíveis e nem sempre verdadeiras, especialmente nas redes sociais, as pessoas ficam saturadas de estímulos o que gera esgotamento psicológico porque a mente não descansa.
E já sabem… Cérebro que não dorme, não consegue funcionar direito no outro dia. E assim vamos abrindo uma lacuna de cansaço continuo, stress, ansiedade e aflições incontroláveis por causa da tecnologia.
Os Hiperconectados jogam em excesso, compram em excesso e se alimentam em excesso. Num cenário como esses, a hiperconexao gera estímulos de proporções imensuráveis, que, com o prolongar do tempo de exposição, se transformam em estresse, ansiedade, angústia e insatisfação, além, obviamente, de causar depressão e outros danos ainda mais graves à saúde mental.
Consumo
Ninguém nasce consumista, se torna. Dito isso, você sabe porque estamos nos tornando consumidores cada vez mais cedo? Porque as propagandas estão sendo direcionadas as crianças que não conseguem distinguir o marketing do entretenimento.
A hiperconexão alterou nossas experiências de consumo. Antes era preciso sair de casa para ir às compras, e os pais determinavam a compra. Hoje, as facilidades do e-commerce projetaram um cenário feito com um click, não importando a idade de quem esteja realizando a compra.
Com isso crianças se tornam um alvo importante, não apenas porque escolhem o que seus pais compram, mas também porque desde muito jovens tendem a ser mais fiéis a marcas e ao próprio hábito consumista que é imposto.
Basicamente estamos atrelando a felicidade em coisas, dizendo as nossas crianças e jovens que ser feliz não é mais um estado de espirito, ser feliz no mundo da hiperconexao é ter e não ser.
Falta de espontaneidade:
Estudos do norte-americano John Cacioppo mostram que uma em cada três pessoas sente-se sozinha na sociedade da hiperconexao e das redes sociais.
E em vez das redes serem usadas para enriquecer as interações pessoais e diminuir a solidão, as mídias têm funcionado de forma contraria.
Há uma sensação de que o outro, aquele de quem vemos no perfil da rede social, é melhor do que nós: tem mais bens materiais, viaja mais, sabe mais, ganha mais, tem uma família mais bonita e vamos ficando frustrados… E fazemos selfie para mostrar que estamos ali, que somos protagonistas de algum jeito.
As redes sociais podem nos dar a falsa sensação de estarmos interagindo verdadeiramente com nossos amigos, mas nos tiram algo precioso nas relações: a espontaneidade
Ok, agora que sabemos de alguns perigos da hiperconexao o que podemos fazer?
Ninguém precisa abrir mão do telefone, sair de redes sociais ou deixar de jogar. Mas precisamos ter mais consciência dos danos que a tecnologia traz a nossa vida, e para isso acontecer precisamos viver mais no físico do que no digital.
E sim, ainda precisamos de e pais zelosos com as telas nas mãos das crianças, de gestores que ouçam seus colaboradores dentro da jornada de trabalho e de amigos de verdade que possam nos dar escuta em momentos de alegria e tristeza.
A tecnologia é incrível, mas qual o preço da hiperconexao? Por mais útil que seja ela ainda precisa ser uma ferramenta que usamos e não uma ferramenta que nos usa.
Pense nisso!
Por: Maria Augusta Ribeiro. Especialista em Netnografia e Comportamento Digital Belicosa.com.br
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