João Pessoa, 11 de fevereiro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Alguns empresários paraibanos estavam reunidos ao meio dia de um sábado de carnaval em um bar na orla de Tambaú ali pelo meio da década de 80. Enquanto tomavam seus uísques lamentavam a inexistência de qualquer resquício momesco em nossa capital. Lá pras tantas um deles deu a brilhante ideia de irem até Olinda onde com certeza veriam muita animação. Assim fizeram. Estacionaram o potente automóvel e seguiram a pé em direção aos “Quatro cantos”. Lá chegando continuaram a beber admirando a festa que era absolutamente desconhecida para um deles, rico empresário recém-chegado do interior para morar em João Pessoa, por isso mesmo apelidado de “Matuto”. Deu-se que logo depois passou um enorme bloco de arrasto ao qual eles aderiram por uns cinco minutos, voltando depois ao bar. Enquanto o bloco se afastava, o tal Matuto deu por falta de sua carteira recheada de dinheiro e não contou conversa; saiu correndo em direção aos milhares de foliões, gritando a plenos pulmões: “- Não sai ninguém, segura o povo”.
A carteira ele não recuperou, mas no ano seguinte um novo bloco surgiu em Olinda; era o “Segura o povo”.
Naquela mesma época dois amigos meus que haviam se formado em engenharia na UFPb foram trabalhar em Salvador. Grana curta, conseguiram uma pensão meia boca onde quase tudo faltava, inclusive um guarda-roupa. Era sexta feira de carnaval mas eles nem se deram conta. Saíram à procura de um brechó e encontraram o que procuravam próximo à praça Castro Alves. Adquiriram o guarda-roupa, azul bebê, ainda em razoáveis condições. Para economizar, decidiram levar o móvel equilibrado em suas cabeças, mesmo porque da loja até a pensão era próximo, bastava atravessar a praça e avançar mais uns 400 metros. Entardecia e eles saíram com aquela geringonça pelo meio da rua. Quando atravessavam a praça de volta para a pensão, três trios elétricos cujas presenças eles não haviam notado, de repente começaram a tocar “Atrás do trio elétrico” em som altíssimo e do nada brotaram milhares de foliões ao seu redor. Envolvidos pela turba, de repente o guarda-roupa foi tirado das suas cabeças e começou a se afastar, deslizando sobre mãos e cabeças alheias. Adeus guarda-roupa.
No ano seguinte, já integrados à cidade decidiram participar do carnaval baiano. Qual não foi a sua surpresa ao ver que um dos blocos mais animados era o “bloco do guarda-roupa”, à frente do qual iam uns parrudos foliões carregando na cabeça o tal guarda-roupa azul bebê.
Não precisa que acreditem em mim; por favor confiram nos carnavais de Olinda e Salvador se existem ou não esses dois blocos e suas origens.
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OPINIÃO - 22/11/2024