João Pessoa, 19 de fevereiro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Ao mesmo tempo em que apela por uma campanha de alto nível, exortando os seus concorrentes a centrarem foco numa eleição de debate e de proposições, o senador Cícero Lucena (PSDB) não perde um segundo sequer quando tem a oportunidade de espinafrar o governador Ricardo, seu recorrente obstáculo político.
Em entrevista ao Correio Debate (Correio Sat), ontem, na série com os pré-candidatos de João Pessoa, Cícero considerou inevitável a estadualização da eleição municipal na capital, segundo ele, porque não há como se omitir na discussão das demissões, insatisfação dos servidores e problemas da segurança pública paraibana.
Por outro lado, o tucano segue cônscio de que no campo minado da eleição em João Pessoa será permanentemente inquirido e cobrado acerca dos processos judiciais contra atos praticados na suas duas gestões administrativas, objeto de denúncias e investigação no âmbito da Justiça Federal.
Talvez por isso mesmo, o ‘caboclinho’ se antecipou às previsões de chumbo grosso e propôs um embate ausente de ataques contra a honra dos postulantes, e sem rememoração “das coisas pra trás”. Na prática, um apelo quase utópico. É o mesmo que Ricardo pedir a Cícero pra esquecer o Governo do Estado e só mirar no pleito municipal.
Plataforma –
O senador tucano prenunciou o tom que pretende adotar no seu périplo pelos caminhos da Filipéia: “Saúde e paz”. Menos pro Jardim dos Girassóis, a quem pretende infernizar.
Retórica –
Confortável nas pesquisas, Cícero condena o modelo de gestão do PSB, a quem batiza de desumano para em seguida prometer um governo “humanizado e temente a Deus”.
Pau nos espinhaços do mago –
“Está passando na cabeça de todo mundo o filme da campanha, em que ele (Ricardo) prometia 40 anos em quatro. O primeiro ano de governo foi de 10 anos de atraso. Na segurança, foi um salto para o abismo. A música de campanha mandava levantar a mão. A gente não sabia que eram os assaltos que viriam”, descarregou Cícero.
Ignorando qualquer acerto –
Prefeito duas vezes, ele se recusa a reconhecer avanços das gestões do PSB na Capital. “Foi uma gestão preocupada em conduzir um projeto individual (eleição de Ricardo para o Governo). Esqueceu a cidade e se maquiou”. E pelo visto, maquiou bem.
Meia boca –
Cícero até tentou, mas não conseguiu explicar, de forma convincente, porque só demitiu a servidora que não assinava o ponto e nem trabalhava no seu gabinete após e tão somente a denúncia publicada em O Globo. “Já vínhamos preparando essa demissão”.
Afeto –
O governador interino Rômulo Gouveia (PSD) reservou ontem uma agenda especial no fim da tarde. Visitou o ex-governador Ronaldo Cunha Lima. “Fui dar um abraço no poeta”.
Exorcismo –
O advogado Luciano Pires afastou os agouros do ex-senador Wilson Santiago (PMDB), sonhador da tese apocalíptica de que a validação da Lei Ficha Limpa tira Cássio do Senado.
Escudo –
“Todos os recursos já foram esgotados no STF. O mandato de Cássio está seguro. Não há meios para reverter o entendimento da Corte constitucional”, sustentou Luciano Pires.
Interpretação –
Pires, escudeiro de Cássio desde o traumático processo de cassação, vai adiante e não vislumbra extensão dos efeitos da inelegibilidade a 2014. “Não há previsão de nova pena”.
Indagação –
Não é o que pensa Michel Saliba (advogado de Santiago), para quem Cássio estava inelegível na diplomação. “Ele não pode ser candidato em Campina, como pode ser senador”.
No estaleiro –
Dotado de bom faro político, o deputado Gervásio Filho (PMDB) realizou cirurgia para corrigir um desvio de septo nasal que dificultava a respiração. Passa o carnaval de repouso.
Problema antigo –
Gervasinho já tinha tentado se curar há dez anos, quando se submeteu a uma cauterização. A tentativa não logrou êxito. Agora, ele tomou coragem e venceu o bisturi.
A vez da Paraíba –
Canadá 3.0, encontro que reúne o maior acontecimento de tecnologia e internet do mundo, desembarcará em novembro na Paraíba. São Paulo já abrigou o evento outras vezes.
Direcionamento
O conselheiro Nominando Diniz suspendeu licitação, marcada para ontem, na Prefeitura de Patos, para contratação do Cidade Digital. Suspeita-se que o edital tinha outras digitais.
Rota de colisão –
Já são notórios os sinais de curto-circuito nos bastidores entre ciceristas e maranhistas. Na inevitável guerra pelo voto, as afinidades são vencidas pelo instinto de sobrevivência.
PINGO QUENTE –
“Muito bacana a minisérie Rei David, da Record”. Do deputado Ruy Carneiro (PSDB) confessando uma de suas terapias para fechar o dia, depois da estressante jornada parlamentar em Brasília.
*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba
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OPINIÃO - 22/11/2024