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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Uma transa precoce

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publicado em 14/02/2023 às 07h00
atualizado em 14/02/2023 às 05h47

Não seria (IM)possível (RE)começar tudo de novo. Não, talvez como quis Leila Diniz, bem melhor Jorge Ben Jor – “não, comigo não comigo nunca mais, as coisas agora vão mudar”.

O êxtase de uma transa precoce, qual sol soul quente que madruga noite a dentro e dou pernadas preliminares na praia do Cabo Branco, porque a beleza é tão intensa que a gente come com olhos e falos. O sexo, o nexo, o plexo é outra onda.

É como o escancarar de uma janela no bafio de um quarto cheio de cortinas que impulsiona a inércia das mentes e a clausura dos espíritos, que se amavam loucamente. Olhe o verbo, se amavam…

Adeus, ó vil ditadura das necessidades!

Adiante, dentro, lá do outro lado, nenhuma dor, só gemidos, o néctar do redentor, do velho providente que pedia bis e era correspondido.

Nem tudo tem um jeito, né? Pairando qual um gato mourisco do sertão, que se aninha expectante e eis que se ergue o monstruoso e inesperado ciúme. Sim, esse veneno letal que corrompe até o mais precavido dos espíritos.

Não diria infindável, se o gozo veio entres céus vermelhos, face a face, alucinados, aos quais até os estóicos amores se desenvolviam e devolviam a luz das estrelas.

O sexo, por se tratar de uma arte facilmente imitável na forma (nunca um quebra-cabeça – mas tudo é muito bom – o Tao do Tantra), porque o intercurso tira a gente de tempo e nos cega.

Rapidamente algo novo morreu entre a cruz e espada de Jorge, as lapadas viscerais que vieram se instalar comodamente à sombra da confortável cama alugada. Foi um delírio sem fim.

Tudo modal, nunca à moda antiga, naquele cubículo luzindo seus pelos, meus pelos, tão antigos, tão dentro e bem encaixado no jato em profusão.

Como separar o trigo do tigre, o joio de Jó, aquele que embeleza o nada daquele que nada embeleza?

Salvaria enfermos, levantaria Lázaros e a própria cura, pois, o inferno viria depois.

Vamos em busca de matar Proust, declamando o poema sujo de Ferreira Gullar  –  entre cabeças prometidas a gozar em Copacabana, “pegar um sol em Copacabana…”

Mas cuidado, nada é de mão beijada.

Kaperadas

1 -A vida de quem é gostosa tá longe de ser fácil, meus karos!

2 – Se eu pudesse dar um conselho para qualquer pessoa no dia de hoje, esse conselho seria: Vá! Não marque para “qualquer dia desses”.

Som na caixa: “Baila comigo/como se baila na tribo/baila comigolá no meu esconderijo”, Rita Lee

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