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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Império sem sentidos – 愛のコリーダ

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publicado em 18/02/2023 ás 07h00
atualizado em 18/02/2023 ás 08h34

Praça João Pessoa – Pingo do meio dia. Acendia e apagava o isqueiro, com o cigarro na boca. Acendia e apagava o isqueiro continuamente. Cheguei perto, e indaguei: a senhora está tentando deixar de fumar?  Ela respondeu: “Estou a queimar tempo, aqui nesse fim do mundo”. Cresce a loucura.

Outro dia fui a uma festa e vi que as pessoas ainda saem até a calçada para suas tragadas, na solidão do vício. Pior é fumar no cachimbo seco, dizia meu pai.

Hoje, o que bota moral mesmo são os shortinhos apertados entre conchas e coxas. Vi muitas na Baratona de Marcos Pires. Até um cara, um reisado, vestido do cineasta Carlos Saura  (1932/2023) estava lá com Teresinha de Jesus, deu uma queda e  não foi ao chão, acudiram três blogueiras do alto Sertão. Lembrei do filme “O Império dos Sentidos” de Nagisa Oshima 1976 –  愛のコリーダ

Entenda – eu não estou no cinema, nem sou o lanterninha, mas sigo o rastro das influenciadoras digitais, que se multiplicam em segundos. Elas são lindas fantasiadas de mutantes.

A vida presta, mas ela prende, gruda e faz pensar que cenas puras nem sempre são o resultado da harmonia. Deus dará.

Alto lá. Hoje é sábado de Zé Pereira. 

Desde 1848 o Zé Pereira, um sapateiro português José Nogueira de Azevedo um certo fadista – decidiu em pleno sábado de carnaval sair tocando um bombo (hoje conhecido como surdo). Não é por isso que Hollywood quer dizer Azevedo.  Mas quem nunca caiu no samba e quebrou as cadeiras que atire a primeira cuíca.

Me segura senão eu caio por cima dos boletos. Infernais boletos. Agora eu entendi porque minha mãe dizia que o salário do meu pai não era dele, mas da bodega, da padaria, e do açougue.

Trem das onze, indo para o império sem sentidos,  do além do muro de “Cria Corvos” (1976)

Sala de espera. Todos mexendo no celular. Quando chega minha vez eu entro e saio rapidamente e a doutora passa a vista nos exames e diz que “está tudo bem” – eu fico a pensar na mulher que acendia e apagava o isqueiro.

Nesse carnaval eu vou de “De Olhos Bem Fechados” de Kubrick. É difícil resistir a um filme numa “Noite dos Mascarados”, que nos coloca de frente para clarões de contatos outros. Abram alas para os discos voadores estão chegando…

Kapetadas

1 – Se tudo der certo, nada vai rolar.

2 – Hoje, ninguém consegue mais se apaixonar à primeira vista. É tudo em 12 vezes no cartão.

3 – Som na caixa: “Olhando coxas gostosas por todo lado/Das mais lindas garotas, também das mais feias”, Jorge Mautner

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB