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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Essa gaiola de todes

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publicado em 24/02/2023 ás 07h00
atualizado em 23/02/2023 ás 20h44

É da natureza do mundo a abertura, a pluralidade de possibilidades à espreita de algum sentido e escolha, mas há quem prefira as gaiolas. As gaiolas tolhem asas, mas há quem as prefira por medo de voar; as gaiolas inibem cânticos, mas há quem as prefira por medo de cantar; as gaiolas limitam o alpiste, mas há quem as prefira por medo da abundância; as gaiolas enfeiam o mundo, mas há quem as prefira com medo de “bonitizar-se”.

Usei a palavra “bonitizar” somente por rejeitar as gaiolas. É das leis das formas esse entranhado de sentidos da existência, afinal “bonitizar-se” é sinônimo mais do que perfeito de enfeitar-se. Se não, que doravante seja. Que ruflem os tambores da malícia desses desafortunados da bondade, desde que sejam quebrados os palitos, as palitas e os palites das gaiolas.

O mundo está cheio de gaiolas  e cada vivente inventa uma para enjaular alguém. Uma ideologia, uma doutrina, uma seita, uma religião, uma pauta moral, um comportamento racista, misógino, homofóbico,  um enquadramento aqui, outro acolá, enfim, gaiolas!

Esses gaioleiros, gaioleiras e gaioleires adoram subjugar pessoas. Fazem isso quando recriminam um gosto musical, uma forma de vestir, o jeitão de se comer farofa; quando recrimina as tatuagens, o ser-sexual de alguém…

Os mais arrojados, arrojadas e arrojades adoram o inferno. O interior das gaiolas que eles criam é o inferno deles. E eles, elas e elos adoram atirar as pessoas nas labaredas incandescentes dos seus infernos com tripa e tudo.

São torturadores, insuflam com peculiar prazer, as suas maledicências. São uns demônios, se bem que bem pensando, os demônios também são gaiolas em cujo lado de fora moram anjos decaídos.

De todas as gaiolas, as piores são certas igrejas. O Belzebu fez delas o seu templo, ao ponto de adorar fascistas, defensores de torturadores. Certos pastores evangélicos que o digam, mas saibam, senhores das profundezas do inferno, essa gaiola chamada mundo é também de TODES!

@professorchicoleite

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