João Pessoa, 25 de fevereiro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Eu estava saindo do Bompreço da avenida João Machado. Dirigia-me ao caixa quando fui surpreendido por uma mendiga magérrima com uma sandália na mão perseguindo e espancando duas crianças raquíticas, minúsculas, que haviam entrado correndo no supermercado fugindo dela. Não teriam mais de 5 anos de idade. Uma das crianças deixava uma linha de xixi à medida que levava chineladas.
Talvez o absurdo da cena tenha impactado tanto os presentes que sequer os seguranças agiram num primeiro momento.
Sem medir as consequências me interpus entre a mãe e as crianças e, confesso, dei uns bons gritos na agressora, tempo suficiente para outras pessoas acordarem do torpor e intervirem; principalmente os funcionários que criaram uma barreira humana entre nós dois.
Necessária, porque ela partiu para me agredir. Tenho um metro e oitenta, caminho 8 kms toda madrugada, faço musculação e natação todos os dias. A agressora no máximo teria um metro e meio, subnutrida. Porém estava possuída de uma fúria incrível. Se ela tivesse avançado eu teria que reagir para não ser agredido. Um simples empurrão já seria de uma covardia incrível. Aquele momento passou rápido e enquanto ela era levada porta afora da loja liguei para o 190, identifiquei-me e denunciei o espancamento das crianças. Ela ouviu e ameaçou: “- Eu vou lhe furar”.
Consegui sair sem ser agredido, porém houve ainda uma última ameaça: “- Da próxima vez vou arranhar seu carro”, gritou ela enquanto eu saia dirigindo.
Não sei o que aconteceu depois, porém comecei a refletir sobre o ocorrido. E se o conselho tutelar afastasse aquela mãe dos filhos, o que aconteceria com eles? Alguma chance de serem encaminhados para uma situação menos ruim? Adoção? Me parece que a preferência dos adotantes é por bebês, o que colocaria aquelas duas crianças muito distantes na fila. Já se a mãe continuar com a guarda dos filhos na certa persistirão os espancamentos.
Reagi à cena terrível, mas fiquei nisso. Sinceramente, estou frustrado por talvez ter apenas um bom coração, quando a situação pede ação. E confesso que agora estou preocupado com a mãe; que embrutecimento toldou seu espirito? Será possível trazer de volta à dita civilização aquele farrapo humano? Não sei, mas não posso permanecer só com boas intenções.
Porém de uma coisa eu tenho certeza; se a humanidade continuar caminhando assim, o caminho será ladeira abaixo.
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TURISMO - 19/12/2024