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Ana Karla Lucena  é bacharela em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Servidora Pública no Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. Mãe. Mulher. Observadora da vida.

Sobre quando decidi amar

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publicado em 27/02/2023 ás 07h00
atualizado em 26/02/2023 ás 08h15

“O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.” Belamente, João Cabral de Melo Neto conseguiu descrever como o amor se apossa da nossa vida cotidiana, imiscuindo-se em cada traço nosso.

Palavra tão pequena, quatro letras apenas. Mas, das grandes – senão a maior – do nosso vocabulário. Por isso que sempre estamos a “viver por alguém”. Tudo é sobre isso: as alegrias, as tristezas, as depressões, as canções, as idas e vindas, até o morrer, por que não dizer?! Certa vez, perguntado sobre como seria uma pessoa com boa saúde mental, Freud respondeu que seria aquela capaz de amar e trabalhar. Amar no sentido incondicional que o verbo exige.

Amar, entregar a vida , as emoções, os sentimentos a outro ser humano não é uma tarefa simples. Não é para os fracos! Despir a alma, mostrar-se nu, estar disposto a ver o outro, independente do que vamos ver, se vamos gostar ou não, se o outro vai amar o que vê ou não, requer coragem, comprometimento. Mas, o produto da experiência pode trazer resultados incríveis! Curas inimagináveis!

Durante um longo tempo decidi que estaria melhor sem o amor – aquele romântico. Definitivamente, estaria melhor sozinha. Não gostava da ideia de me sentir vulnerável. Sair da zona de conforto. Relações rasas e descomprometidas seriam mais seguras. Até que o inevitável aconteceu. É, quando bate de verdade, é assim. Depois disto, percebi que nada de grandioso poderia surgir de uma vida que pode ser ser muito segura e tranquila, mas nada fértil: a vida sem amar.

Abri, então, a porta, coloquei-me frente ao espelho e tive a coragem de levantar a cabeça e os olhos para mirar minhas fraquezas, inseguranças e vulnerabilidade e entregá-las  a alguém. Costumo dizer que é como se estivesse colocando em prática as sessões de terapia, rsrsrsrsrs!! O que espero disso? No mínimo , evolução! No mais, tem sido a mais doce aventura! E não me importo se o amor vai devorar meus dias! Contanto que eu também me farte!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB