João Pessoa, 05 de março de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Já me sinto cauteloso, mas nunca esqueci o que me disse velho do Leblon, Ascendino Leite – “Meu filho, a única coisa que a gente leva no caixão, é a libido”. Eu já nasci velho. Não tanto assim, mas vou fazer 63 e sei que posso cavalgar até tarde da noite…
Percebo quando uma pessoa olha querendo um afeto, eu dou, mas afetos são coisas do coração – no mesmo ritmo. e funcionam, mas às vezes estamos noutra esquina.
Vivaz, mas estar no caminho dos 70, desperta em mim uma vontade de subir nas Asas da Panair, da canção Milton Nascimento e depois curtir uma sala de rebouco.
Mas por que hoje tudo foca no erotismo? Milenar, meu caro. O Kamasutra com suas 50 indicações, não me deixa mentir.
Erotismo é tão bom, tão bom, que dura pouco tempo. Depende. Mas a maneira de perdurar e ficar cavalgando, e querer mais, tem que ser legal para ambos. E as carícias? São raros os homens que acariciam o rosto da mulher, da pessoa amada, antes, durante e depois do coito.
Eu não sou daqui, eu não tenho amor, marinheiro só.
O amor fala outra língua, o erotismo línguas diversas ou nenhuma, o erotismo fala através dos corpos e a tudo funciona. Tem aquela coisa antiga dos encaixes. Erotismo é “todes” a saber que estamos ali a fazer dos corpos um só corpo, esse feixe de impulsos radiosos das almas.
O erotismo começa em qualquer canto, no conserto da pia da cozinha, que se monta na mesa de jantar e ao redor chegam gemidos; poesias, oásis e a sede de se amar, se faz melhor. Os sinais de uma luta que não parece ter fim, amém.
Lembro de uma namorada linda, sertaneja, quente, coisas transas nossas – era uma morena de endoidecer e eu queria todo dia, mas o dia sempre acaba; dançavámos nus e poderia ter sido a mulher da minha vida. Fui egoísta, vim embora pra capital com minha mala de couro fedendo e nunca mais a vi. O ser humano é feito de despedidas.
Erotismos relâmpagos e servem-se dele deuses e Dianas, gritos nas trovoadas,
Toma forças, fôlego, risca e se arrisca, permanece alerta a indícios, persegue-os.
E vamos seguindo a canção do Nando Reis, com o Fusca lá fora e logo a tempestade de gozos, prendem-se e esquecem a vida afora, tantos beijos na boca, e alguns rabiscos como se estivéssemos engatinhando e mais à frente um filho, damo-nos conta de que é sério, e de como ressoa, tudo fica belo, no balé da desordem amorosa. E tem a ver com amor? Claro que tem.
Às tantas transas, tantras, marés, beira-mares, tantos lugares que reinamos, maracatus e somos nós, assim como os animais, pertencemos a esse gozo impressionante – dos corpos, por esses indícios de muitas estradas e somos odara.
Kapetadas
1 – E esse março que não acaba, hein?
2 – Se a beleza é passageira, o espelho é o cobrador.
3 – Som na caixa: “Se Deus quiser, um dia acabo voando”, Rita Lee
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024