João Pessoa, 11 de março de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Em frente à padaria de Juca, por trás da agência do Banco do Brasil da av. Rui Carneiro a elegante senhora e seu marido confirmaram meu nome e se disseram meus leitores. Já foi o suficiente para me ganharem. Ela contou que graças a um dos meus escritos reviveu o tempo que estudara em Pernambuco quando uma colega dela apaixonou-se e terminou casando com o “homem da cobra”; isso mesmo, aquele cidadão que andava de cidade em cidade com uma mala onde guardava um peixe elétrico e também trazia uma caixa enorme onde enroscavam-se umas quantas cobras, mercando um liquido magico misterioso ao qual atribuía o poder de curar varizes, sovaqueira, queda de cabelo, chulé e muito mais. Contou-me que depois de casados o homem da cobra foi morar na casa da amiga. A partir de então todas as conhecidas da agora senhora da cobra romperam relações com a ofídica à conta do medo que lhes causavam as cobras que seu marido guardava na residência.
Além da massagem no ego que a leitora me deu, só aquela cena já inspiraria um bom texto.
Porém arquivei a ideia e comecei a refletir sobre quem é que perde seu tempo lendo meus escritos. Para quem escrevo? Por que escrevo? Uma certeza eu tenho; escrevendo consigo medir o tamanho de “colegas escritores” como Ariano Suassuna, Garcia Marques e Graciliano Ramos. Dou uma ideia da distância que nos separa; geralmente escrevo um desses textos em no máximo dez minutos e passo 4 dias namorando o que escrevi. Mas não é um namoro tranquilo porque apago, corrijo, emendo, rasgo, reescrevo…. No entanto é só isso que sobra, duas laudas muito mais ou menos. Sempre às quintas feiras remeto para os amigos que generosamente publicam. Portanto, por mais que eu queira negar, escrevo primeiramente para mim; nada supera a expectativa da publicação e a reação dos que me leem. E aí a enorme satisfação que sinto quando alguém comenta meus textos, mesmo que marretando.
Lembrei de uma cena antiquíssima, quando o então Governador da Paraíba, Dr. Ernani Satyro, (foto) estava em nossa casa arrodeado pelo poder, todos disputando sua atenção para assuntos da mais alta importância, mas bastou minha mãe, Creusa Pires, dizer que gostara do seu livro “O quadro negro” e referir-se a um personagem (acho que Pedrinho) para Sua Excelência abandonar tudo de importante que discutia-se e conversar longamente com mamãe sobre o tal personagem.
Portanto, se escrevo para meu deleite, ser lido por vocês é o maior presente que Deus me dá semanalmente. Aliás, adaptando o colega Millor; como são admiráveis as pessoas que me admiram.
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OPINIÃO - 22/11/2024