João Pessoa, 15 de março de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Uma coisa você deve concordar: o que somos hoje é resultado, mais das vezes, daquilo que trouxemos na bagagem da infância; o medo, por exemplo, é um forte exemplo. Passar por esse sentimento é quase certo como a morte chegará a cada um. A questão é como enfrentá-lo e aprender a suspirar melhor com as adrenalinas encontradas nos nossos caminhos.
Recentemente, um documentário brasileiro intitulado de “Sociedade do Medo” foi lançado e exibido por uma grande emissora. No vídeo é mostrado o medo que assola a humanidade, potencializado por sistemas que, historicamente, manipulam as massas a partir da propagação do pânico e da insegurança. As religiões são experientes nisso. Discursos de inferno e punição levam as pessoas aos templos, não por uma devoção qualquer, mas pelo medo de serem julgadas e jogadas no fogo eterno do inferno. Baita estultícia pensar assim, mas sigamos em frente.
Basicamente há dois tipos de medo: o preventivo – quando me deparo e fujo do cão feroz – e o imaginado, criado pelos pensamentos sobre algo ou alguém. É neste segundo caso onde mora o perigo. Lampião, o eterno cangaceiro, dizia que o medo nos enterra vivo. Incontestável essa frase. O diacho é sair da zona de conforto e enfrentar todo dia um leão, como pregam por aí.
O medo produz em nós, leitor, leitora, uma incapacidade de agir, mas ele pode ser transformado em coragem. O corajoso não deixa de ter medo, ele meramente arremete a partir do frio na barriga. Simplesmente vai lá e faz. Os corajosos, os “heróis”, são figuras tocadas pelo mais gigante dos medos, não vendo saída, os caras avançam sobre o que lhes assusta. De outro modo, seria uma loucura um sujeito sair por aí a enfrentar perigos só porque se acha corajoso. Nada disso. Aliás, nas guerras não há heróis, há “vencedores”, ou porque tinham as armas melhores ou por não acharem outra saída senão “avançar” e matar. Os soldados seriam uns tolos para sair de casa, correr os piores riscos para ganharem uma fajuta medalha. E em muitos casos serem admirados pela coragem, que na verdade era apenas desespero ocasionado pela falta de outra saída.
Alguém por acaso já fotografou algum fantasma? Aposto o que tenho e mais um pouco que não. Por muito tempo eu não frequentava a cozinha da minha casa durante a madrugada, não queria ter o infortúnio de me deparar com assombrações. Ora, quer mais assombração do que a pessoa acordar às 3h da manhã, de cara inchada e se olhar no espelho? Enfim, a ignorância fez e faz os fantasmas serem eternos. Só não me faça dizer aqui os medos reais dentro de mim. Vão existir, continuarão a me torturar até o último suspiro.
Merecida homenagem
O Altas Horas, da Rede Globo, no último sábado, dedicou seu programa inteiro à apresentadora Xuxa. Prestes a completar seis décadas, ela é exemplo de superação e amor para com a profissão – que lhe fez milionária. Todavia Xuxa não precisa de dinheiro, poderia se encostar e viver de molezas, mas não, prefere seguir atuando e produzindo. Nós não precisamos meramente do dinheiro para viver. “Nem só de pão vive o homem, mas também da palavra de Deus” – está na Bíblia. Precisamos traduzir, a exegese nos leva a entender que necessitamos mais do que dinheiro na vida, precisamos ser alguém. Até o último suspiro todos devemos continuar trabalhando, porque o trabalho anestesia a consciência da finitude e nos produz um resultado daquilo de que mais precisamos na vida, de que alguém olhe para nós e diga: “ele é, ela é…” Sem o verbo ser, nós podemos ter o que tivermos no verbo ter do saldo bancário, seremos muito poucos, se não formos antes pelo verbo ser alguma coisa que mereça respeito.
Não adianta
Costumamos ver políticos, famosos e outros grupos dizerem bobagens nas redes sociais – de forma intencional ou porque foram gravadas em seus deslizes – revelando pensamentos polêmicos e opiniões fora do eixo democrático. Quando vão mal na fita, começam a pedir desculpas e… e não adianta, companheiro. Suas desculpas não colam, foram forçadas. Arrepender-se depois que o caos está instalado, divulgado na mídia? E se não o fosse, será que o sujeito repensaria seu modo de ver as coisas? Claro que não… embora há quem acredite. Não mudamos em poucas horas, de um dia para outro, não mesmo. Tudo fingimento.
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TURISMO - 19/12/2024