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(para Caetano Veloso)
Parece que foi ontem que Gal Costa se foi. Uma notícia triste, que não sai do pensamento, (como se Gal foi a Bahia toda), da canção “Na Baixa do Sapateiro”, de Ary Barroso, que ela gravou no LP, Aquarela do Brasil, em 1980 – “Ô Bahia Bahia que não me sai do pensamento”
Gal fora do foco? Nunca. Gal fora dos palcos, onde ela foi tudo, esticou seu nome mundo afora, o espaço dela, a cantora mais bonita, a sua aparição e, é daí, vem a voz, a voz mais bonita. “A maior cantora do Brasil”, disse Caetano Veloso.
Gal também era uma Elis.
Gal amava o filho Gabriel. A sua viagem mexeu com milhares de pessoas.
A Gal que servia a si mesma, a mulher Gal.
Às vezes saio, volto, boto o disco para tocar ou ouço no carro via bluetooth e já cheguei a ouvir a voz de Gal no supermercado Pão de Açúcar.
Gal precisava viver mais, cantar mais, outras canções, mas Gal foi paralisada e novamente me assento, escuto Gal cantar Gil, vejo que da cantora ficou a voz – como pode ser uma voz tão bonita? Toda hora toca no rádio. O rádio é mágico. “GilGal” é uma canção bonita de Caetano Veloso.
Ainda estou bravo, querendo saber o que aconteceu com Gal. Difícil de compreender a morte.
Cuido bem dos discos, tiro a poeira, a maresia, escuto a poesia, gosto mais de ouvir em casa, onde há espaços para fazer o que sinto vontade, passar pela cozinha, um copo de suco de caju tirado do pé ou comprado aos meninos no Sinal Fechado de Paulinho da Viola, Quando não se perde o verde, da canção de Caetano, o menino diz – “Tio, encoste o carro ali, que eu vou correndo…” Isso dele dizer correndo, estamos todos nós, correndo, a carga é pesada.
Tão bom viver em paz.
Outro dia topei com Gal cantando a canção “Triste”, de Jobim: “Triste é viver na solidão, na dor cruel de uma paixão, triste é saber que ninguém, pode viver de ilusão, que nunca vai ser, nunca vai dar. O sonhador tem que acordar, tua beleza é um avião, demais pra um pobre coração, que para pra te ver passar, só pra me maltratar. Triste é viver na solidão”.
Essa canção Gal canta no disco Live At The Blue Note, gravado em Nova York (nos dias 18 e 19 de maio de 2006), ao vivo, e ela fala de todos as canções, num inglês invejável.
E quando a gente acha que está vendo algo além, Nada Além, (Mario Lago e Custodio Mesquita, que Gal canta nesse disco Blue Noto
Triste é viver sem Gal. Gal metonímia, acima de tudo.
Kepetadas
1 – Não se fala desculpa a quem se sentiu ofendido, mas sim peço desculpa por ter ofendido. Isso é uma boa sacada.
2 – Uma Gal experiência dessa ordem ou desordem, é rara.
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OPINIÃO - 22/11/2024