44% dos brasileiros têm medo de que o Brasil se torne canibal. Imagine se isso fosse o resultado de uma pesquisa séria. O que você acharia disso? A coisa seria tão sem lógica, tão sem propósitos, reveladora de uma dissociação tão grande com a realidade que você apenas riria de tamanha maluquice.

Para piorar as coisas, imagine agora que um extrato ordinário da sociedade começasse a incutir nas pessoas, mediante pungente lavagem cerebral, que elas deveriam apoiar certa ideologia para impedir, caso a escolha fosse por outra,  a publicação de uma lei permitindo o canibalismo no Brasil. E que 44% da população acreditasse nessa loucura!

Pois, mal comparando, vejo o resultado da pesquisa IPEC publicada semana passada de que 44% dos brasileiros têm medo do Brasil se tornar comunista com esse exercício insano, mas com duas diferenças de relevo.

A primeira é que a pesquisa é séria e a segunda, é que a população conhece o adjetivo canibal como representativo da prática de se comer carne humana. Sobre o comunismo, não. A grande maioria da população não conhece, de fato, o significado do termo, tanto é que para os bolsonaristas mais imbecilizados até o papa Francisco é comunista.

Isso é extremamente perigoso para a democracia. 44% por cento de zumbis deixando se levar pelos setores mais reacionários da sociedade calcada no medo, na desinformação, na fake News, no engodo, com interesses escusos e perversos.

A prática é antiga. Nos anos 30 isso se disseminou feito praga, chegou com força com o golpe militar de 1964 e voltou em 2018 no bojo de um projeto de poder político reacionário, ditatorial e elitista.

Como antes, a lavagem cerebral tem sido forjada por militares e cristãos (católicos, antes e evangélicos, agora) em meio a um mídia conservadora e vendida ao capital.

Pois, vivemos no meio desses zumbis. Não é de estranhar que a extrema direita tenha inculcado na mente do brasileiro que comunista come criancinha. Que gente escrota. Vade retro satana.

@professorchicoleite

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