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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

KIRIBATI & JERICOACOARA 

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publicado em 09/04/2023 ás 10h16

Existe um lugar lindo no mundo de nome Kiribati. Kiribati, na Oceania, será o primeiro país a ser engolido pelas mudanças climáticas devido ao aumento do nível da água do mar. O aquecimento global está causando o derretimento das geleiras e de grandes massas de gelo, com isso o país formado por 33 atóis já sofre com o desaparecimento de terras para a agricultura e já se prepara para desaparecer do mapa. Por falar em desaparecer, ando preocupado com a região litorânea do Ceará, conhecida por suas falésias, lagoas e dunas até perder de vista. A preocupação começa porque sonhei com a Duna Por do Sol, eu avistava o Cleber, um amigo que conheci lá em Jericoacoara e sonhar com o lugar de que você gosta também é símbolo de conclusão, recompensa e reconhecimento de finalização. Vi que não se tratava de sinais auspiciosos para a Vila, pois à medida que o Cleber desaparecia, ele levava o manto de toda a Duna consigo. Daí me lembrei que também existe uma comunidade de pescadores que vive na cidadezinha de Nova Tatajuba. O que nem todos sabem é que o lugar possui uma história curiosa: a primeira Tatajuba, de onde seu nome foi derivado, desapareceu do mapa, assim como está previsto para Kiribati, mas devido a um curso natural das dunas. Minha preocupação maior está ainda na Duna pôr do sol. Eu sou um fã de Jericoacoara e vivia ansioso pela chegada à cidade para correr ao encontro da Duna por inúmeras vezes. A exuberância da Duna teve seu ápices quando chegou a ter 60 metros de altura nos anos 80. Hoje ela praticamente não existe mais. Mesmo sabendo que existe um deslocamento natural das Dunas, sofri com essa notícia, pois vi com meus próprios olhos uma duna minguante da última vez que frequentei o espetáculo do crepúsculo na famosa elevação de areia. Faço parte do seleto “grupinho do mal” que acelerou o processo de desgaste e desprendimento de partículas que ajudam a contribuir com o desmanche da Duna mais famosa do Brasil. Peço desculpas, eu nem imaginava que isso poderia ocorrer. Voltar a Jeri sem a Duna vai doer muito, assim como vai ser difícil aceitar o mundo e seus quatro hemisférios, sem a beleza estonteante de Kiribati. 

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