João Pessoa, 24 de abril de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Olho-me no espelho e enxergo tantas coisas… cada expressão me conta uma história. Um álbum de fotografias cronologicamente organizado. A vida me marcou com muitas memórias. Pele com muitas tatuagens. Algumas recentes, ainda doloridas, em fase de cicatrização. Outras, já desbotando, mas todas indeléveis. Algumas merecendo retoque. Outras, até mais bonitas, num tom mais suave. O tempo lhes fez bem.
Às vezes aquela tatuagem que fizemos não nos chama mais a atenção. Perdemos o encanto por ela, nem lembramos mais o porquê de a termos escolhido. Quando isto acontece, até a mera observação nos incomoda. A solução é cobrirmos, transformar o desenho em outro que, naquele momento, consideramos mais bonito.
Vivemos constantemente rodeados pela impermanência. Nada, neste plano em que vivemos, foi feito para durar eternamente. As coisas terminam. Relacionamentos terminam. Projetos de trabalho terminam. Amizades terminam. Sentimentos terminam. O que hoje me faz sentir viva, amanhã pode não fazer nenhum sentido. Não significa dizer que somos inconstantes. Não significa dizer que fracassamos. Precisamos entender e aceitar a fugacidade das coisas.
Entender que términos não são fracassos é entender o valor da nossa história. Entender e aceitar que as coisas mudam e continuarão em constante mutação até o fim na nossa existência é um presente que damos a nós mesmos. Entender e aceitar as marcas que os términos deixarão fará de nós pessoas melhores. Como evoluir, senão assim?
Mas, não nos enganemos! Tudo que passa por nós vira tatuagem em nós! E, por mais que adicionemos camadas de tinta… o desenho original ainda estará por baixo, nos lembrando que existiu. Para o mal ou para o bem, as coisas sempre mudam.
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