João Pessoa, 23 de abril de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Sentir a cabeça “gelar” enquanto toma um sorvete é uma experiência bastante desagradável — e comum. No entanto, cientistas ainda têm dificuldade de explicar o fenômeno. O que já é consenso é que pessoas que sofrem de enxaqueca são mais propensas a ter essa sensação do que as demais.
Agora, uma nova pesquisa mostrou que essa sensação, assim como outros tipos de dor de cabeça, pode ter relação com o fluxo sanguíneo do cérebro.
Um novo estudo do Departamento de Veteranos do Sistema de Assistência a Saúde de Nova Jersey, em conjunto com a Universidade Nacional da Irlanda e da Universidade Harvard, afirma que a sensação de "congelamento do cérebro" é um tipo de gatilho para outros tipos de dores de cabeça.
Ao causarem essa sensação em voluntários dentro de um laboratório – todos tomaram água muito gelada com um canudo – e estudar o fluxo sanguíneo de seus cérebros, os pesquisadores mostram que a dor de cabeça súbita parece ser desencadeada por um aumento abrupto do fluxo sanguíneo na artéria cerebral, desaparecendo quando essa artéria se contrai.
Jorge Serrador, autor do estudo e professor em Harvard, e outros cientistas recrutaram 13 adultos saudáveis para fazer as análises. Os resultados mostraram que uma artéria particular, chamada artéria cerebral anterior, se dilatou rapidamente e inundou o cérebro com sangue quando os voluntários sentiram a dor. Logo após esta dilatação, a dor dos voluntários diminuiu.
Serrador e seus colegas especulam que a dilatação pode ser um tipo de autodefesa do cérebro.
“Mas por ser o crânio uma estrutura fechada, o súbito afluxo de sangue pode aumentar a pressão e provocar dor. E nestes casos, a vasoconstrição pode ser uma maneira de exercer pressão para baixo do cérebro antes que ela atinja níveis perigosos”, afirma.
Confirmadas as suspeitas, a pesquisa pode ser um passo para encontrar maneiras de controlar o fluxo de sangue e, com isso, oferecer novos tratamentos para estas condições.
“Drogas que bloqueiam a vasodilatação súbita ou canais alvo envolvidos especificamente na vasodilatação poderia ser uma forma de mudar o rumo das dores de cabeça", reitera.
G1
OPINIÃO - 22/11/2024