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Maioria na Colômbia quer diálogo com as Farc, segundo pesquisa

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publicado em 21/04/2012 ás 11h26

A libertação dos últimos militares e policiais em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), sem que nenhum tiro tenha sido disparado, parece ter causado boa impressão nos colombianos, que estão mais confiantes no diálogo como uma saída para um conflito que já se estende por quase cinco décadas.

Ontem, uma pesquisa do instituto Ipsos-Napoleón Franco, feita pra o canal RCN, mostrou que 53% dos colombianos querem que o governo Juan Manuel Santos se empenhe para abrir conversas de paz com a guerrilha, enquanto 36% apostaram no combate aos rebeldes como a solução.

Em novembro, pouco depois de uma operação do Exército matar o então líder máximo das Farc, Alfonso Cano, a visão dos colombianos sobre o conflito era diferente. Na época, 48% disseram que os insurgentes deveriam ser combatidos militarmente, e 47% defenderam o diálogo.

A abertura de conversas de paz, no entanto, não é questão simples. A libertação dos militares e policiais foi um gesto unilateral das Farc, e sua aplicação foi feita com intermediários não ligados ao governo.

A decisão foi recebida então como um exemplo da fragilidade interna da guerrilha mais antiga da América Latina, que sofreu os maiores golpes de sua existência nos últimos anos, com os governos Santos e Álvaro Uribe. Mesmo assim, estima-se que o grupo ainda tenha 400 reféns civis.

Esta semana, as Farc divulgaram um comunicado descartando qualquer possibilidade de diálogo com o governo enquanto for exigida a entrega ou a rendição de guerrilheiros.

“Da nossa parte, sentar para conversar não envolve nenhum tipo de rendição. A reincorporação (de rebeldes) à vida civil implica e exige uma Colômbia diferente”, escreveu Timochenko, atual líder máximo das Farc.

Timochenko expôs ainda sua desconfiança em relação ao governo Santos. O guerrilheiro lembrou que o presidente, quando assumiu o poder, em agosto de 2010, prometeu buscar o diálogo, mas semanas depois lançou o ataque que culminou na morte de Mono Jojoy, então líder militar das Farc.

Segundo a pesquisa divulgada nesta sexta-feira, apesar dos avanços na luta contra a guerrilha, o apoio a Santos caiu para 58%, menos seis pontos frente a novembro passado. A segurança ainda está entre os temas que mais preocupam os cerca de mil colombianos consultados pela sondagem.

Também na sexta-feira, Santos anunciou a saída da chefia da Polícia Nacional do general Óscar Naranjo, que estava no cargo há cinco anos e era considerado um dos principais artífices da campanha contra as Farc. Segundo o presidente, Naranjo se demitiu por questões pessoais.

O Globo

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