João Pessoa, 26 de maio de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Só não ostento uma grande bandeira, listrada verticalmente em preto e vermelho, com a inscrição NEGO gritando, porque meu apartamento é pequeno. Sei que há muitos insatisfeitos com a bandeira e com o nome de João Pessoa, em luta por uma revisão da identidade histórica da cidade, visando à mudança do nome da capital para Parahyba. Este texto, porém, deixa de lado a polêmica para se agarrar à identidade possível, que carrego aonde for.
Temos o maior São João do mundo, uma das únicas capitais com qualidade de vida no Brasil e uma natureza paradisíaca. É uma cultura linda. E ainda assim, tão desconhecida: um amigo propôs que eu fizesse um drinking game para cada vez que um sudestino achasse que João Pessoa fica em Pernambuco.
Parte do problema é culpa nossa. Estando em Minas, me surpreende o quanto os locais valorizam a própria raiz. Não há poeta maior do que Drummond para um mineiro. E a gente, de cujo solo saiu o maior poeta brasileiro de todos os tempos, não fala com tanto fervor sobre Augusto dos Anjos, menospreza o tamarindo.
Tomei como responsabilidade indicar, sempre que um paraibano é mencionado em conversas fora da Paraíba, que ele é paraibano. Zé Ramalho? Natural de Brejo do Cruz. Luiza Erundina? Veio de Uiraúna. Gkay? Celebridade de Solânea. Hulk? Fez muito gol em Campina Grande. Até o maior pernambucano que já existiu, Ariano Suassuna, é paraibano. E a origem de Juliette nem preciso indicar.
Longe fisicamente, a verdade é que não saio da Paraíba. É ela que me conduz mundo afora, porque a minha perspectiva originária tinha como horizonte o mar da praia do Cabo Branco.
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OPINIÃO - 22/11/2024