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Magistrado, colaborador do Diário de Pernambuco, leitor semiótico, vivendo num mundo de discos, livros e livre pensar. E-mail: [email protected]

A onda do “childfree”

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publicado em 01/06/2023 ás 07h00
atualizado em 31/05/2023 ás 19h47

Sempre gostei de crianças e não é à toa que tenho seis filhos. Se não bastasse, me realizei profissionalmente trabalhando numa unidade judiciária que cuida justamente da proteção integral dos pequeninos. Muita gente não pensa assim e nem por isso está errada. Gostar ou não dos petizes é escolha de cada um.

Acontece que vem crescendo no país – muito antes do isolamento social em decorrência da pandemia da Covid-19 – um posicionamento adotado por restaurantes, hotéis, pousadas e até companhias aéreas, denominado de “childfree”, que vem a ser no nosso idioma “livre de crianças”. Ou seja, não aceitam crianças com menos de dez anos em seus recintos. Países como Estados Unidos e Canadá já adotaram essa onda desde os anos de 1980, quando adultos sem filhos se sentiam discriminados em recinto apinhado de guris.

Esses estabelecimentos chegam a anunciar que os clientes encontrarão o sossego merecido, pois ali não entram crianças. Alguns dizem que “não sou obrigada a aguentar crianças mal-educadas que não sabem se comportar”; “muitos pais não impõem limites” e “os estabelecimentos têm o direito de escolher quem vão servir”. Por outro lado, os que não concordam enfatizam que:  “Será que todos aqui nasceram adultos e não lembram como é ser criança?”; “E se os restaurantes passarem a proibir também pessoas velhas, gordas e feias, será aceitável?”. A verdade é que o bom-senso deve prevalecer sempre. Pais precisam entender que certos ambientes não são apropriados para crianças pequeninas; que ali em pouco tempo irão se irritar e começar a chorar. Muitos não têm controle sobre seus filhos e os deixam aos berros nos restaurantes. Quem paga por paz e tranquilidade, evidente que fica irritado. Tim Maia só que queria sossego.

Alegam que na ceia larga não tinha criança, apesar de Jesus ter dito “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais…” (Mateus 19:14). E aí, a conta ou a saideira?

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB