João Pessoa, 05 de junho de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
E chegou junho: o mês mais celebrado por nós, sortudos filhos da região nordeste. Tudo fica tão lindo nessa época! As ruas se vestem de um tom multicolorido. O outono traz para nós temperaturas amenas, garoa fresquinha que contrasta com o calor vindo das fogueiras. As comidas… ah… as comidas… alguém conhece época mais apetitosa? O milho verdinho, recém colhido, enche nossas mesas das mais variadas composições. É a época mais musical do ano! Em qualquer mão você encontra uma sanfona. Não que seja um instrumento fácil de ser tocado. Para esta que vos escreve, parece ser o mais difícil! Nem tente se você não tiver o mínimo de coordenação motora! Em qualquer mão se encontra, porque filhos do nordeste também são filhos da sanfona de Luiz Gonzaga, de Sivuca… então, meio que está no sangue.
É contagiante o clima junino da região nordeste! Campina Grande e Caruaru despontam como expoentes das maiores e melhores festas de São João! Mega estruturas são montadas, as mais variadas atrações sobem aos palcos em shows que atraem turistas de todo o país e do mundo. Em qualquer cidade nordestina você poderá encontrar algum festejo. Por menor que seja. Também não é uma festa exclusiva da região nordeste. Todas as regiões comemoram as festas juninas de acordo com a sua tradição, à sua maneira.
Amo esta época! Por tudo que já citei, mas, mais ainda, pelo que ela me faz lembrar. Pelo que ela traz ao meu coração. A tão esperada colheita! Poucas coisas tocam tanto a minha memória afetiva quanto a história sofrida do nosso povo, dos nossos antepassados que, numa forma de celebrar a boa colheita, principalmente do milho, no mês de junho, reuniam parentes e amigos em volta da fogueira, partilhando, matando a fome. Sua e do gado.
Como a comemoração perdeu o significado! Como tem se distanciado da tradição! Virando um São João “de plástico”. Servindo apenas a interesses políticos: sim, quanto mais bonita a festa, mais provável a reeleição. Os festejos saíram dos bairros, as fogueiras saíram das ruas, por causa do asfaltamento. A tradição tem sido arrancada do seu povo. A tradição agora é uma festa com um palco de dezoito metros de altura, por vinte e quatro metros de largura. Os artistas da terra veem seu tempo ser reduzido, para dar espaço a artistas que vendem mais. A zabumba dá lugar ao trio elétrico. O forró dá lugar ao axé. Bom para meus avós que ainda puderam celebrar a partilha, a comunhão. Ruim para meus filhos: não sei o que encontrarão nos próximos anos. Talvez ainda encontrem uma pamonha. Mas, certamente, vai ser uma “pamonha gourmet”!
Não. O texto não vai agradar! Mas, lembre-se: os textos publicados pelos colunistas não representam necessariamente a opinião do Portal!
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NOVA VAGA - 17/12/2024