João Pessoa, 05 de junho de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A Disney completou 100 anos e em sua nova “A Pequena Sereia” nos encantamos com a perfeição do fundo do mar com fauna e flora marinha só mesmo vistas nas águas dos arredores das ilhas Galápagos. Mas o que mais encanta é a Ariel negra e de dreads avermelhados. A Renner, grande loja de departamentos, vem explorando modelos pretos e gordos em seus comerciais e postagens de vendas no instagram. A Rede Globo já vem reconstruindo seus espaços com uma geração de antigos e novos artistas, de pele negra em novelas, chamadas, séries, como também em seus programas de auditório, impressão bem distinta daquelas posições no passado onde o negro era sempre um subordinado. Hoje há empregabilidade e representatividade, mudança fundamental para reeducação e a reformulação de uma sociedade que, agora sim, começa a ter referência afrodescendente de peso em suas obras literárias, audiovisuais, teatrais, etc.
A Netflix vem costurando papéis de destaques para negros a cada ano, dessa vez a grande mudança foi para a atriz que faz Cleópatra. Isso é muito importante, pois durante muito tempo, personagens negros eram ligados à criminalidade e subemprego.
O desenrolar de projetos que falem sobre a cultura negra, sem conectá-la à violência, cria novas oportunidades de identificação para a população preta contemporânea, pois ver pessoas parecidas com elas em papéis de volume as faz sonhar com grandes oportunidades futuras. Fato curioso é que o mito da sereia – criatura metade peixe, metade humana que habitam os mares e suas profundezas – faz parte de diversos folclores ao redor do mundo, especialmente na África e Europa, mas arrastou-se por muito tempo imagens apenas de uma figura de raça branca.
A Disney agora tem uma Iemanjá pra chamar de sua, que esse seja mais um grande passo gerador de transmutações importantíssimas para todas as gerações que estão chegando, capaz de dar nova voz e corpo a um mundo ainda tão segregativo em que vivemos.
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OPINIÃO - 22/11/2024