João Pessoa, 15 de abril de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O Talibã afegão prometeu lançar mais ataques do gênero, depois da série de agressões coordenadas que atingiram neste domingo (15) Cabul, capital doAfeganistão, e várias províncias do país invadido.
Zabihullah Mujahid, porta-voz do movimento islâmico, disse que os ataques são retaliação pela queima de cópias do Corão, livro sagrado do Islã, em uma base da Otan, pela morte de 17 civis afegão nas mãos de um soldado americano e por vídeos que, aparentemente, mostravam fuzileiros navais dos EUA urinando em militantes mortos.
Os talibãs fizeram vários ataques simultâneos neste domingo em Cabul e várias províncias afegãs, no que chamaram de início de sua "ofensiva de primavera".
O rigoroso inverno boreal (hemisfério norte) afegão é um período de repouso para os talibãs, cuja guerrilha ganha intensidade e se estende para todo o país no início da primavera, quando o degelo libera as passagens montanhosas da fronteira com o Paquistão.
Na capital, sofreram ataques o prédio do Parlamento e o bairro que abriga as representações diplomáticas ocidentais, além da sede da Otan e de locais frequentados por estrangeiros. Vários prédios foram tomados por combatentes.
Pelo menos outros três ataques ocorreram em outros pontos do leste do país invadido.
Ao menos dois atacantes foram mortos, informou o porta-voz do ministério do Interior Sediq Sediqqi.
Os ataques estão sendo considerados um dos maiores desde que tropas ocidentais lideradas pelos EUA derrubaram o Talibã do poder, em 2011.
Parlamento
Os militantes se posicionaram em um telhado de um imóvel perto do Parlamento, e trocavam tiros há horas com as forças de segurança, segundo Qudratullah Jawid, da assessoria de imprensa do Parlamento.
"Alguns parlamentares, incluindo eu mesmo e meus seguranças, lutamos contra os agressores que tomaram um prédio diante da sede do legislativo", que se achava em sessão, informou à France Presse o parlamentar Mohammad Naeem Lalai.
Testemunhas afirmaram que helicópteros da missão da Otan no país atacavam os agressores.
Também havia troca de tiros no bairro diplomático, próximo à Embaixada dos EUA, que foi isolada.
O grupo insurgente declarou que os alvos principais eram as embaixadas da Alemanha e do Reino Unido, além do quartel-general das forças lideradas pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
O Talibã afirmou em comunicado que "dezenas de combatentes", armados com armas leves e pesadas, e vestindo coletes-bomba, estavam envolvidos na ofensiva.
Os insurgentes afirmaram ter atacado a fortaleza do Palácio Presidencial, onde mora Hamid Karzai, mas não há confirmação dessa informação.
Testemunhas disseram que agressores tomaram um hotel em Cabul e atacavam com foguetes. Um incêndio começou no hotel, o Kabul Star.
Retirada em risco
A Otan disse que havia ataques em sete pontos, mas sem relato de vítimas.
O ataque coordenado leva ao aumento da preocupação sobre o sucesso do gradual processo de retirada de tropas estrangeiras no Afeganistão até o fim de 2014.
A Otan tem cerca de 130 mil tropas apoiando o governo do presidente Hamid Karzai contra a insurgência talibã, mas eles vão se retirar até o final de 2014, transferindo o controle da segurança para as forças afegãs.
Um porta-voz da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), da Otan, afirmou à AFP que as forças afegãs, cuja capacidade de resistir aos talibãs após 2014 foi questionada, estavam assumindo a liderança na contenção dos ataques em Cabul.
O embaixador americano em Cabul, Ryan Crocker, disse, por sua vez, que a capacidade das forças afegãs para responder aos ataques são um "claro sinal de avanço".
"Vimos uma desempenho muito profissional por parte das forças de segurança afegãs", disse Crocker à rede CNN neste domingo.
As forças afegãs "são capazes de enfrentar atos como estes por sua conta. Um claro sinal de avanço", afirmou o diplomata.
Mas o mais recente de uma série de ataques espetaculares mostra que os militantes ainda têm a capacidade de atingir o coração da capital e elevar os temores pela precária situação de segurança, num momento em que a retirada das tropas da Otan se aproxima.
Em setembro do ano passado, ataques talibãs tendo como alvo locais incluindo a embaixada dos Estados Unidos e a sede das tropas estrangeiras em Cabul matou ao menos 14 pessoas durante um cerco de 19 horas. E em agosto nove pessoas morreram quando homens-bomba atacaram o centro cultural do British Council.
G1
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