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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Difíceis decisões

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publicado em 30/06/2023 ás 07h00
atualizado em 29/06/2023 ás 18h02

Somos feitos de escolhas, pois o que fica para trás é a confirmação de uma limitação. Não é possível ter tudo. Decidir é resolver uma tensão entre duas ou mais necessidades que reciprocamente se rejeitam. Muitas vezes, decidir é apenas a aceitação de uma imposição, uma ilusão a quem chamamos “livre arbítrio”.

Decidir bem é uma arte, mas há decisões que só aparentemente estão sob os nossos desígnios. Talvez, a maioria delas, seja, como já se disse, uma ordem: dos nossos átomos, das nossas circunstâncias, dos nossos genes, dos nossos pais, da nossa impotência, do acaso.

No entanto, somos feitos do barro delas e das suas entranhas. As escolhas verdadeiras têm, no mínimo, dois lados, um contrário ao outro, cada qual mais tentador ou necessário. No meio deles, uma mente atormentada pela indecisão.

Toda indecisão é paradoxal, pois guarda em si os dois lados grávidos e irritadiços das alternativas que se nos impõem, por isso, escolher é redenção e dor.  No espaço reduzido das escolhas, há salvação e condenação, mas, como em tudo reside a natureza binária dos benefícios e dos malefícios, a escolha de uma alternativa impõe a recusa da outra, como se fosse uma lei mais forte do que a da gravidade: escolher é ganhar e perder ao mesmo tempo.

Ainda que seja assim, há decisões que são melhores do que outras, sejam elas decorrentes da vontade livre (se isto existir), sejam elas resultantes das forças imponderadas da existência. Tudo é mesmo contingente, como as nuvens do céu que, de uma hora para outra, se transformam em uma bela torre de marfim ou em uma besta fera de sete chifres endiabrados.

Se decidir é isto, com seu apelo para a liberdade ou para a perdição, tem algo bem pior: não decidir. O meio termo entre as placas tectônicas da vivência e do agir humano é, paradoxalmente, uma decisão, a suprema dor dos impotentes. Todavia, nem tudo é simples assim… Ah, senhores e senhoras, há decisões que rasgam a nossa alma!

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