João Pessoa, 30 de junho de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Meu compromisso com a verdade é quase bíblico, mas pecaminosamente, me divirto ouvindo algumas mentirinhas, no polo passivo da fofoca. Não por ignorância, conferindo credibilidade a fake news, mas pelo apreço por boas histórias.
A mentira, para ser engraçada, requer alguns cuidados: precisa ser inofensiva e ter como sujeito alguém distante, preferencialmente famoso e morto. Quanto mais absurda, melhor. A história de que o cachê do DJ Alok, para tocar nas Muriçocas do Miramar, foi a isenção do IPTU de seu apartamento em João Pessoa, por exemplo, é maravilhosa. Não fica atrás a falsa paternidade da cantora Marina Sena, (fotoi) atribuída ao piloto Ayrton Senna.
Perde a graça a mentira que versa sobre um assunto sério. Desinformação já é bagunça. É o caso da etimologia da palavra aluno, tantas vezes remetida a um conceito equivocado de “sem luz”. E da música Jorge Maravilha, que diziam ter sido escrita por Chico Buarque para a filha do General Ernesto Geisel, mas que de Amália Geisel não tinha nada.
Parece que verdades inquestionáveis e fake news têm andado cada vez mais próximas. Hoje, para que algo seja verdade, entre os mais fervorosos, basta querer. Ou, como diria Eça de Queirós, “Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia.”
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OPINIÃO - 22/11/2024