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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

Ressaca de São João

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publicado em 09/07/2023 ás 08h43
atualizado em 09/07/2023 ás 09h22

“Olha pro céu meu amor, vê como ele está lindo, olha pra aquele balão sem cor…” Já dizia meu professor Genildo de física que a cor preta é a ausência de cor! Uma região rica em trilhas, praias, enseadas, cachoeiras, lajedos e muitas festas que atrai qualquer pessoa que queira se divertir, o Nordeste oferece um São João para todos os gostos. É uma festa de cores e folguedos, uma linda comemoração herança da Espanha e Portugal, filha da cristianização de um rito pagão, o solstício de verão no hemisfério norte. A partir dessa data na Europa, o sol começa a baixar no horizonte (os dias começam a ficar mais curtos lentamente) e, para ajudar a estrela nesse transe, o astro é aquecido com as fogueiras em rituais de agradecimento pela colheita, fertilidade, além de pedidos de proteção para o restante do ano. Foi essa tradição que os colonizadores trouxeram para o Brasil, que se mescla com outras comemorações, musicalidades e instrumentos locais. Mas tem merecido mais atenção a descaracterização da festa, as fogueiras já são artificiais, as músicas estão insistindo no sertanejo como atração principal, as roupas estão monocromáticas ou infelizmente de cor preta! 

Pra falar a verdade, deu muita saudade do xadrez vermelho e preto, que foi onde tudo começou a descaracterizar, mas pelo menos era xadrez e agora sumiu o vermelho e a gente conta com o imperialismo do preto onde quer que tenha até um xote tocando num trio pé de serra de enorme valor! 

Pois bem, que acendamos a chama das roupas coloridas nessa festa secular, que comemoremos mais colheitas, que cada um faça um esforço pra deixar sua roupa preta no armário e usá-la numa festa “dark” ou na sua noite eletrônica de preferência. O mais doido disso tudo é que, ao chegar num velório qualquer você se depara com vestimentas coloridas mais juninas que as das pessoas à sua volta em uma noite de forró. Viva a ressaca de São João! 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB