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Educador Físico,  Psicólogo e Advogado. Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal Investigativa. Agente Especial da Polícia Federal Brasileira (aposentado). Sócio da ABEAD - Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e do IBRASJUS - Instituto Brasileiro de Justiça e Cidadania. É ex-presidente da Comissão de Políticas de Segurança e Drogas da OAB/PB, e do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas do município de João Pessoa/PB. Também coordenou por vários anos no estado da Paraiba, o programa educativo "Maçonaria a favor da Vida". É ex-colunista da rádio CBN João Pessoa e autor dos livros: Drogas- Família e Escola, a Informação como Prevenção; Drogas- Problema Meu e Seu e Drogas - onde e como lidar com o problema?. Já proferiu centenas de conferências e cursos, e publicou dezenas de artigos em revistas e livros especializados sobre os temas já citados.

A importância das religiões na construção da paz social

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publicado em 18/07/2023 às 07h00
atualizado em 17/07/2023 às 17h33

A violência, não só no Brasil, mas em todo o mundo, é responsável por muitas mortes. O ser humano, mesmo dotado de inteligência, é um dos poucos animais que destrói o seu semelhante, sem que tal fato seja alicerçado na luta pela sobrevivência.

A justiça e a paz são sentimentos natos em todos nós. É comum que, com o passar dos anos, à medida que vamos ficando mais experientes, algumas aspirações, desejos e até “ambições” inerentes a todos os seres humanos, como aparência física, posição social, poder, maior ganho financeiro etc., deixem de ser prioridades. Mas por justiça e paz geralmente lutamos até o final dos nossos dias.

Portanto, uma vez que a justiça e a paz são sentimentos e aspirações perenes na nossa existência terrena, devemos não apenas esperar que o poder público, ou as outras pessoas, nos auxiliem nessas conquistas, mas sermos, nós mesmo(a)s, o(a)s promotore(a)s dessa paz e justiça sonhadas.

Muitos estudiosos, em todos os tempos, sempre concordaram que a adesão do ser humano a uma crença religiosa, e à sua prática, é um requisito importante para a construção da boa convivência social e o desenvolvimento humano, uma vez que as verdadeiras religiões em geral promovem um significativo movimento em busca de harmonia, paz, progresso e dignidade humana.

Um sábio ditado popular, de autor desconhecido, diz: “leve o seu filho para a igreja, e não precisará buscá-lo na delegacia de polícia”. E, em geral, tal afirmativa é uma grande verdade, pois a experiência diária tem nos mostrado que aquelas crianças que são educadas sobre alguns pilares indispensáveis à boa formação humana, como o amor e os limites, bem como estimuladas a adotarem uma crença religiosa, comumente se tornam adultos bem mais ordeiros, humanos e tolerantes, aspectos importantes para o bom convívio social.

O ser humano, na sua essência, é um ente social e gregário, que precisa dos seus pares para a própria sobrevivência da espécie. Também está intrínseco às aspirações natas deste complexo ser, a liberdade. Ou, podemos dizer, liberdades, e a religiosa deve ser uma destas que, quando aliada a outras, normalmente impulsiona o indivíduo não apenas para os bons hábitos e harmonia social, mas também auxilia a sociedade na direção do progresso socioeconômico, haja vista a redução dos conflitos mais violentos, como as guerras, por exemplo.

Embora devamos admitir que em alguns momentos históricos, guerras tenham acontecido por motivações e crenças religiosas, vale a pena registrar que tal motivação tem sido cada vez mais rara, e que, em geral, para todas as religiões do mundo, a paz vai além da mera ausência de guerra. Estas, em geral compartilham uma visão da “paz positiva” que é enraizada na dignidade do indivíduo e na unidade de todos, baseada na experiência que cada religião tem do transcendente.

Muitos estudos relativos à espiritualidade e à religiosidade, afirmam que, na história da humanidade, nenhuma instituição social é melhor formadora de valores morais e éticos que as religiões. As igrejas e suas doutrinas religiosas inclusive chegam onde o próprio poder público não chega, e assim, por vezes, se tornam no único refúgio de apoio para muitas pessoas. E estas inserções doutrinárias nas comunidades fazem com que o(a)s líderes religioso(a)s conheçam o local em que as pessoas vivem, seus valores e cultura. E, desta forma, tanto a religião é influenciada pela cultura local existente, como também influencia os valores, costumes e ações daquele(a)s que vivem nessas comunidades.

Sabe-se que a maior parte da educação e formação do ser humano acontece de maneira informal, exatamente embasada e alicerçada na convivência diária com os seus pares, na orientação ali recebida, na imitação daquilo que presencia no meio em que vive etc. Ademais, este mesmo ser pela incompletude que lhe é peculiar, tem uma necessidade natural de, nos momentos difíceis de desesperança, ou dificuldades outras, se apegar e recorrer a algo ou alguém superior em que possa conseguir esperança ou suporte. Este ser superior, para os cristãos é Deus, mas poderá ser outro de acordo com a crença religiosa.

No Brasil é comum algumas pessoas, em especial certos detentores de cargos políticos, afirmarem que “o país é laico”, e defenderem a tese que as crenças religiosas, símbolos, trajes etc., devem ficar à margem dos ambientes públicos e das discussões políticas. Sobre ser o país laico, isso é fato, mas não se pode esquecer que a maioria da população brasileira é cristã, ou segue alguma outra religião, e, portanto,  tais costumes e crenças estão naturalmente inseridos na cultura da população. E, assim sendo, a classe política, na condição de representante da sociedade não deve desconsiderar tal realidade social.

Dessa forma, vejo como de suma importância que, cada vez mais, as lideranças religiosas e adeptos, se empenhem nessa educação para a paz e harmonia social por meio das suas pregações doutrinárias pois, além de ajudar na pacificação social, também estarão contribuindo para minimizar a desesperança, muitas vezes presente em todos nós, incompletos e imperfeitos seres humanos.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB