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No fim desta última semana, o tão aguardado filme “Barbie” estreou no Brasil e no mundo, causando uma comoção em muitas pessoas, em especial naquelas que tiveram uma relação muito próxima com a boneca, sejam elas mulheres ou homens.
Criada por Ruth Handler em 1959, a boneca Barbie surgiu como um desejo de sua criadora em despertar a criatividade e imaginação de sua filha, Barbara. A garota costumava passar horas brincando com bonecas de pano, que se limitavam de um bebê a uma criança.
Na tentativa de retratar algo além da maternidade, Ruth e seu marido Elliot, através de sua própria empresa — a Mattel —, lançaram uma boneca que era a mulher perfeita. Com um ideal de beleza irreal e recheado de estereótipos, o brinquedo se tornou uma febre.
Assim como a filha da criadora, muitas mulheres, hoje já adultas, tiveram suas experiências brincando com a boneca. E se viram numa realidade em que, no ano de 2023, Barbie ganharia um longa-metragem com atores de verdade. Impossível não despertar nada dentro de si.
Sabendo dessa conexão real, o filme não poupou esforços para convidar homens, mulheres, crianças, idosos para assistir ao filme. Seja com alimentos pigmentados com a cor rosa, páginas na internet rosa, o estilo de moda “Barbiecore”, o filme se tornou um alçapão de bilheteria.
Desde que o filme foi anunciado, a comoção sobre ele cresceu de forma exponencial. Além disso, Barbie concorreria nas telinhas contra um dos maiores diretores da geração — Christopher Nolan —, que lançaria seu tão aguardado longa “Oppenheimer” no mesmo dia.
Apesar do apelo muito grande, Barbie teria que provar sua grandeza e convidar o público para as salas de cinema do mundo todo. Por isso, o marketing encima dos elementos da personagem a nostalgia com passado foram fundamentais para levar multidões ao cinema.
Para a professora, palestrante e especialista em Marketing, Denise Gadelha, o trabalho feito em cima do filme condensa as emoções do público com a personagem. Pessoas instigadas e emocionalmente envolvidas, para as empresas, é sinônimo de vendas, logo dinheiro.
“O marketing indiscutivelmente, para o mercado consumidor, ele trabalha muito mais com a emoção do que a razão. Então, tudo aquilo que vai nos levar às nossas origens, ela vai, sim, mexer com as nossas emoções. E as emoções estão muito ligadas ao desejo”, apontou Denise .
“A Barbie é uma mulher independente, muito bem sucedida e que, ao longo do tempo, foi mostrando uma evolução. Então, ela traz também essa história de que ela foi criada lá atrás, que brincavam com ela, puderam comprar a Barbie para as suas filhas”, disse. “Tem tudo uma conotação de saudosismo nisso […] E em marketing é predominantemente são vendas por desejo”, concluiu.
Por mais que a boneca tivesse, quando foi lançada em 1959, a ideia de oferecer mais do que o cenário de maternidade para uma jovem mulher, sua conotação ganhou outros traços negativos. A Barbie também representou a idealização do corpo feminino e o estereótipo da mulher.
Loira, corpo escultural, branca, donzela. Padrões que antes retratavam o que a sociedade esperava que uma mulher bela e respeitada fosse não são mais os únicos atualmente. A Mattel acompanhou a realidade do mundo e colocou, na Barbie, os ideais esperados de uma mulher: o que ela quisesse.
“A Barbie acompanhou, de alguma forma, esses movimentos que as mulheres também tiveram durante sua história. A mulher que pode ser o que ela quer. A Barbie poderia assumir qualquer profissão, tanto que a boneca aparece em várias versões de profissões diferentes”, diz Denise.
Apesar de muitas polêmicas em volta da personagem até os dias de hoje, o filme, que foi produzido pela própria Mattel, não deixou de se omitir de diversas opiniões e questões sociais, trazendo um panorama forte do que é a sociedade, o feminismo e as relações interpessoais.
Seja pelo marketing ou pela memória afetiva, a personagem, depois de tantos e tantos anos, se permaneceu no holofote e ainda consegue oferecer discussões profundas encima da figura de uma simples boneca. Agora, através do filme, poderá alcançar um público muito maior.
Leonardo Abrantes – MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024