João Pessoa, 05 de abril de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A poucos dias do prazo para o início do cessar-fogo na Síria, ativistas acusam Exército de lançar ofensivas contra redutos rebeldes em vilarejos de Deraa, Aleppo e em Douma, subúrbio de Damasco — no que seria um dos mais pesados ataques já acontecidos na capital do país. A violência elevou a fuga do país e segundo fontes turcas pelo menos mil refugiados teriam cruzado a fronteira nas últimas 24 horas, elevando para mais de 20 mil o número de sírios em solo turco. Os recentes relatos colocam em xeque a disposição do presidente Bashar al-Assad em acabar com a violência no país e a capacidade da ONU de implementar seu plano de paz.
Nesta quinta-feira, Ahmad Fawzi, um porta-voz de Kofi Annan, enviado especial da ONU e da Liga Árabe para Síria, chegou a Damasco para negociar os detalhes do cessar-fogo, que deverá entrar em vigor na próxima terça-feira. Segundo Fawzi, algumas tropas já deixaram as ruas do país.
Os relatos da ONU, no entanto, vão contra as denúncias dos ativistas. Nesta manhã, eles acusaram o governo de atacar o subúrbio de Damasco, no que foi considerado uma das piores ofensivas desde o início do conflito, há mais de um ano, nos arredores da capital. Segundo o Observatório Sírio para Direitos Humanos uma "grande operação" estava sendo preparada em Douma, com tanques e troca de tiros entre rebeldes e tropas do regime. De acordo com a Anistia Internacional, 232 pessoas morreram no país desde que o governo anunciou concordar com o plano de paz de Kofi Annan.
A ONU diz que mais de nove mil pessoas morreram desde março passado. O governo sírio culpa "grupos terroristas" pela violência e alega ter perdido três mil homens em combate. Enquanto isso, ativistas se esforçam para passar adiante denúncias da repressão, já que a entrada de imprensa internacional é proibida na Síria.
Annan deve falar nesta quinta-feira na Assembleia Geral da ONU para dar mais detalhes sobre a situação da Síria. Mas países do Ocidente já dão sinais de pouca confiança no plano de paz da organização. Nesta manhã, o chanceler francês, Alain Juppé, confessou não estar otimista:
— Podemos ser otimistas ou não? Eu não estou, porque acho que Bashar al-Assad está nos enganando. Está fingindo que aceitou o plano de Kofi Annan, enquanto continua a usar a força.
O Globo
OPINIÃO - 22/11/2024