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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

Que mulher!

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publicado em 05/08/2023 ás 07h00
atualizado em 04/08/2023 ás 19h34

Talvez vocês não saibam que a Marquesa de Santos depois de ter sido enxotada por D. Pedro I da Corte e forçada a retornar a São Paulo viveu uma outra história incrível a partir dali.

Para os que estão chegando agora, trata-se de Domitila de Castro, por quem o Imperador cometeu todas as loucuras que o amor permite. Basta dizer que Sua Alteza a trouxe de São Paulo depois que ela havia se separado do primeiro marido (que lhe dera algumas facadas) e instalou-a bem em frente da residência da Imperatriz Leopoldina. Era pouco. Na Semana Santa de 1825 “Titilia” foi assistir uma missa na capela imperial.

O porteiro, querendo bajular D. Pedro I, levou-a para a tribuna das damas do paço. Ora, só pouquíssimas nobres tinham esse privilégio, um lugar onde podiam exibir suas importâncias. Ali as mulheres sem títulos de nobreza, por mais ricas que fossem, jamais poderiam estar.  Vendo-a entrar, houve um choque porque todas já sabiam que ela era a amante do Imperador. Ato continuo, comandadas pela Baronesa de Goytacazes, levantaram-se todas e foram embora, causando em Domitila profunda humilhação frente à Corte. D. Pedro I soube e ficou possesso. Sua vingança foi nomear Domitila como dama camarista da Imperatriz.

Esse posto lhe dava o direito de acompanhar os Imperadores onde quer que fossem. Dali em diante toda a nobreza seria obrigada a esperar que Domitila primeiro sentasse em lugar de honra, logo depois de D. Pedro e Dona Leopoldina, para só então sentarem-se. Mas isso foi só um pequeno detalhe da paixão de D. Pedro (que aliás, frequentou a irmã mais velha de Domitila e muitas outras mais). Talvez um dia eu volte ao assunto para contar coisas sobre D. Pedro I que vocês nem imaginam.

Importa é contar que depois de abandonada pelo Imperador ela voltou a residir em São Paulo e começou um relacionamento com Rafael Tobias de Aguiar. Ele era o homem mais rico de São Paulo. Era tão rico que por diversas vezes emprestou dinheiro aos cofres públicos, sem cobrar juros, para pagar a folha dos servidores. Foi presidente da província de São Paulo sempre que quis e uma de suas primeiras iniciativas foi criar a força pública, embrião da policia militar. Não é sem razão que ainda hoje seu nome é lembrado quando nos referimos à ROTA; Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar. Mas a Marquesa de Santos não precisava da grana dele, estava muito bem aquinhoada. Calcula-se que hoje em dia sua fortuna chegaria aos 228 milhões de reais. Após a morte de Tobias, com quem teve quatro dos seus 14 filhos, organizava bailes em sua mansão. Apaixonada por corridas de cavalo, era a ela que os apostadores confiavam o dinheiro das apostas. Se vocês estiverem interessados no tema, sugiro que leiam “Domitila, a história não contada”, de Paulo Rezzuti ou mesmo Paulo Setúbal.

Que mulher!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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