João Pessoa, 05 de agosto de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Eu fico tentando entender tantas coisas entre o céu e a terra, do que nunca pôde sonhar a filosofia.
A casa de tijolinhos na beira mar do Cabo Branco, que pertenceu ao empresário Armando Klabin não existe mais – (ele foi um homem de vanguarda, com inesgotável capacidade de trabalho, era um apaixonado pelo meio ambiente e pelo Brasil. A casa de Klabin está morrendo, vai virar um prédio. Klabin foi antes, em 2021.
Me cega tantos azuis, tantas nuvens, tantas belezas despidas de cores, cores nuas sobre o mar do Cabo Branco, mas a casa que eu amava, não existe mais. Até que fiz menção e juras de amor, de visitá-la, quem sabe um lance no sofá, quem sabe só o susto fugaz como testemunha, mas, não, não aconteceu.
Nada demais escrever sobre uma casa, né? Se não fosse a casa de antes, anos antes, quem sabe, mas, não, o tempo virou uma plataforma e o capitalismo é o dono do pedaço..
Cegaram meus olhos sobre a casa de Klabin, e minha paixão que já tinha virado amor, não tem mais chão.
Há quem diga que a mais bela casa do Cabo Branco, não era a Klabin, mas a que surgirá vertical. Casa vertical?
A casa de Armando Kablin foi vendida por trinta dinheiros e já lembra um barco fantasma, um barco que aparece e desparece no horizonte e jamais chega para salvar o náufrago da cidade de João Pessoa que faz 438 anos neste sábado – aliás, não é cidade, é município – minha saudade, nesses trópicos xaxados e baiões.
Eu namorava com a casa de Klabin desde que a vi pela primeira vez e do mar se diz terra à vista.
Nesta distopia, eu vou ficando à deriva, sob meus tênis, com o velho calção de banho.
No Brasil em que Klabin viveu, não se respeita mais nada, derrubam árvores todos os dias, casas viram prédios, nada contra, nada a favor; derrubam pessoas, matam e roubam às claras, pobres legisladores patetas, jamais poéticos e bulhufas para os bambambãs.
Gatos & lebres
Eu sigo a metodologia dos gatos, (embora sejam eles os mais envenenados entre João Pessoa e Campina Grande), mas fazem o que querem, quando querem, do modo que querem. #Nito #Rayovak #Tica e #Chiquinha
Não tem preço a liberdade.
Venderam a casa de Klabin.
Já venderam até paisagem…
Na volta para casa, meus olhos fixam na síntese de outra “casamante” e, quando mais envelheço, mais gosto das casas dos outros.
Dobro a esquina da Avenida Cairu, vejo a casa de François e Heloísa no Cabo Branco, é tão bonita, mas não sei até quando.
Ah, o dinheiro!
Kapetadas
1 – Hoje em dia, não adianta querer ter orgasmo avassalador. Isso é coisa do tempo do sexo entre vassalos.
2 – Por necessidade, o filósofo virou corretor de imóveis. Apenas uma troca de especulação.
3 – Na madrugada, obituários de casas são impressos na surdina das rotativas. De manhã, gente que acha que ainda não morreu leva o susto final e segue.
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OPINIÃO - 22/11/2024