João Pessoa, 11 de agosto de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Qualquer que seja a sua idade, você já deve ter passado por isso. É mais frequente com aqueles que já contornaram o Cabo das tormentas, mas os jovens, por outros interesses menos nobres, também costumam cair nessa tentação.
Tentação, sim. O botão “saiba mais” é uma tentação. Ele fica no canto inferior à direita de alguma postagem nas redes sociais, sempre acoplado a um vídeo de edição primorosa, convidando-nos a metermos o dedão em suas pregas e prosseguirmos com os arroubos da nossa curiosidade.
O botão “saiba mais” é o estágio mais evoluído do capitalismo, desde aquela propaganda televisiva dos anos noventa “compre batom”, da garoto que, por sua vez, vem de priscas eras, desde a formação das primeiras estruturas do sorriso falso e enganador.
A coisa agora é mais rebuscada, a inteligência artificial a serviço do sistema. Vem de mansinho, insinuante, devagarinho. Quando a vítima percebe, já meteu, sem cuspe, o dedão no tal botão aloprado e forneceu os dados do cartão de crédito, comprando mil e uma bugigangas sem qualquer valia.
Nesse momento, farto de felicidade, o cu do botão se fecha para você e vai buscar deleite em outros dedões desavisados. Como o seu vício é escalado, ele desabrocha as rusgas das suas maledicências em todas as direções. As promessas são renovadas, os truques melhorados, os aromas personalizados, sempre com ofertas muito boas: ficar milionário vendendo algo pela internet, um produto revolucionário que acaba os pés de galinha das faces mais enrugadas, uma fruta miraculosa que faz você mijar para cima como um foguete, e por aí vai.
Ah, e como a vida humana é marcada pelas falhas da entropia, o botão “saiba mais” promete a cura para mil e uma rabugices da idade: pau mole, diabetes, bico de papagaio, mijo forte, suores da menopausa, insônia, peitos caídos, cu frouxo, canela fina e até para a aftosa do gado bolsonarista.
Pense em um bichinho escroto, esse botãozinho do empreendedorismo virtual!
@professorchicoleite
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TURISMO - 19/12/2024