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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

O som do silêncio

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publicado em 09/09/2023 ás 07h00
atualizado em 08/09/2023 ás 21h21
Ok, ok, ok! Se você não lembra ou não conhece a belíssima canção de Simon e Garfunkel “The sound of silence” interrompa a leitura e ouça aquela extraordinária peça. Depois volte para a emoção que vou derramar aqui.
Muito, muito tempo atrás, Arthur (Art) Garfunkel, um garoto judeu do Queens matriculou-se na Universidade de Columbia e ali conheceu um estudante de Buffalo chamado Sandy Greenberg. Imediatamente uniram-se pela paixão por literatura e música. No quarto que compartilhavam no campus, Art acompanhou a tragédia que se abateu sobre Sandy. É que sua visão começou a ficar embaçada e foi diagnosticado inicialmente como uma conjuntivite temporária. Só que na verdade tratava-se de glaucoma, que o cegou. Sandy ficou arrasado e caiu em depressão profunda. Desistiu do sonho de se tornar um advogado e voltou para a casa dos pais, abandonando a faculdade. Com medo e vergonha, cortou os laços com todos os amigos. Porém Art voou até Buffalo e convenceu Sandy a dar uma segunda chance à faculdade, prometendo que estaria a seu lado para que ele não caísse, tanto literalmente como figurativamente. E cumpriu. Deu a si próprio o apelido de “Darkness”, escuridão, para demonstrar sua empatia com o amigo. Um dia Art estava com Sandy numa estação de metrô lotada e de repente disse que tinha de ir, deixando o amigo sozinho e apavorado. Sandy tropeçou, chocou-se com as pessoas e caiu, levando um corte na canela. Finalmente conseguiu entrar no vagão e saltar na estação certa. Ao descer esbarrou em alguém que se desculpou. Reconheceu a voz; era Art, que o havia acompanhado por todo o percurso. Aquele momento mudou a vida de Sandy, dando-lhe a confiança que necessitava. Formou-se na Columbia e fez pós em Harvard e Oxford. Casou e se tornou um empresário de sucesso. Ainda recém casado recebeu uma ligação de Art, que precisava de 400 dólares para gravar seu primeiro disco em parceria com um amigo, um tal Paul Simon. Sandy e a esposa tinham exatos 404 dólares no banco, mas emprestou a grana ao amigo. Uma das canções daquele disco pipocou no mundo, era “The sound of silence”. A frase de abertura era a forma como Sandy sempre cumprimentara Art: “Hello Darkness, my old friend”.
O resto é história conhecida.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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