João Pessoa, 12 de setembro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Decidi abordar este tema, visando atender a uma das inúmeras sugestões que normalmente recebo do meu pequeno, mas fiel grupo de leitores. E fico feliz por isto, pois esta valorosa interação me dá a oportunidade de enveredar por assuntos os mais diversos.
Segundo a bíblia cristã, vaidade no hebraico advém de duas palavras: Habel, shav, que significa vazio e oco.
Neste mesmo sentido, historiadores também afirmam que etimologicamente a palavra “vaidade” vem do latim vanitate que designa o que é vão, o que é fútil, o que é vazio.
No Antigo Testamento, este sentimento estava relacionado ao abandono do único Deus verdadeiro e à busca de ídolos que não podiam satisfazer às necessidade de Israel pelo simples fato de não existirem.
Na doutrina cristã, a vaidade é considerada um exemplo de orgulho e, portanto, é considerada um dos sete pecados capitais. Para estes doutrinadores a vaidade é algo enganoso, sem valor, que leva geralmente à ostentação e à autoidolatria.
No grego, vaidade é representada pelo substantivo mataiotes e também significa vazio. E é importante lembrar, que não há qualquer relação entre vaidade e o uso de joia, roupas ou ornamentos. Seu significado, em primeiro lugar, refere-se ao mundo criado que, no pecado e sem preencher o propósito inicial para qual foi criado, tornou-se vazio. Também podia denotar as palavras impressionantes, mas vazias, de falsos mestres que muito falam, mas não possuem conteúdo algum.
De acordo com o dicionário Aurélio, a “vaidade, é a qualidade daquilo que é vão (fútil, insignificante, que só existe na fantasia, falso, ilusório e inútil), pode ser também um desejo imoderado de atrair a admiração; presunção”.
No contexto do seu livro, intitulado, “A Ciência da Natureza Humana”, o médico, psicanalista e criador da psicologia individual, Alfred Adler, descreve a vaidade como sendo um traço de caráter de quem está “sempre a cogitar no que os outros pensam dele”. Ou seja, o(a) vaidoso(a), é portador(a) de um desejo imoderado e infundado de merecer a admiração dos outros, nutrindo sempre uma presunção malfundada de si, e do próprio mérito.
Na opinião deste autor, o aspecto mais importante do ser humano deve estar na sua capacidade de socialização, ou seja, a adaptação do indivíduo ao meio em que vive de modo a contribuir para a sociedade como um todo. E a vaidade está na contramão da sociabilidade, haja vista que este é um sentimento egoísta. O(a) vaidoso(a) está sempre a pensar em si próprio; é presunçoso(a), e geralmente arrogante e excessivamente orgulhoso(a).
Apesar disto, é necessário admitir que a vaidade é, de certa forma, um traço de personalidade presente em alguma medida, na grande maioria dos seres humanos, seja em maior ou menor grau. E, neste sentido, afirma Adler, “…o menos que podemos fazer é procurar melhores formas e manifestações desse sentimento, de modo que, se temos de ser vaidosos, ao menos empreguemos nossa vaidade em benefício da coletividade”.
Assim, cabe a cada um de nós a hombridade de fazer uma autoanálise e se perguntar: Em que nível está a minha vaidade? Tenho pensado apenas em mim, ou me preocupo em ajudar aos meus semelhantes também? Sou sensível às opiniões alheias ou sempre me empenho em impor a minha vontade? Este autoexame ajudará certamente a evitar a vaidade tóxica e egoística.
Como afirma o professor NBA Diego Azevedo: “…a vida é feita de picos e vales e, quanto mais alto o pico em que você estiver, seja mesmo por mérito, todas as suas atitudes serão determinantes para o tempo de permanência no pico ou a descida dolorosa para o vale”. Como diz a canção de Billy Blanco, tão bem interpreta por Elis Regina: “a vaidade é assim, põe o bobo no alto e retira a escada, mas fica, por perto, esperando, sentada, mais cedo, ou mais tarde, ele acaba no chão”.
Por fim, podemos lembrar as sábias lições do mestre dos mestres, Jesus Cristo, quando nos ensina que: “Aquele que quiser ser o maior, que seja o menor”.
Portanto, que assim seja: Mais humanidade e menos vaidade!
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TURISMO - 19/12/2024