João Pessoa, 19 de setembro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Saudade do futuro. Saudade do futuro? Existe isso? Existe. Na década de 90 me perdi nas Graças em Recife, e cai nas graças de uma mulata, que me levou para a Rua do Futuro, 453. Quem disse que eu queria mais voltar para o presente?
Boom, a terra prometida não existe. A terra que do mar, se diz à vista está a se perder de vista. Talvez, a Terra Santa, espirituais, sensoriais, mas um ramo do cristianismo conservador, diz que nenhum fiel pode ler a Bíblia a olho nu. Desculpem a artimanha.
No livro “Crônicas Exusíacas & Estilhaços Pelintras” do escritor carioca Luiz Antônio Simas, a indicação da Casa de Mãe Joana, fica na Rua do Passado, mas na verdade, estamos sendo esperados no futuro já como “estranhos passados” – somos todos chineses, a quem será concedido no futuro o direito ao asilo. Como assim?
A saudade do futuro vem da amiga FFreire, então, aproveitando a oportunidade histórica, assim com milhares a se redimir aos olhos do tempo, e refazer cada um sua demografia, tornando-se, de repente todos estão de volta ao futuro. Sacou? Também não.
“Não, não fui eu”, disse ela. “Pra certas coisas o futuro desejado, não tem retorno. Assim é, a verdadeira saudade do futuro”, concluiu FF.
Bem antes de FF falar sobre a dança de salão, de me fazer cantar “Ronda”, ela disse-me assim: “A gente fazia aulas e se encontrava com os colegas nos bares para dançar. Foi um tempo bom”, e se esse tempo bom é o futuro, já não estamos mais aqui. Aliás, eu não posso ficar, eu juro que não.
Para milhares de pessoas jogadas na travessia, os migrantes da ”selva da morte”, refugiados famintos entre a Colômbia e o Panamá, me parece ter virado um negócio lucrativo se aproveitar das tragédias. Já é o futuro? Não, a maioria busca um futuro melhor, mas é ilusório, até porque já não se diz mais que o Brasil é o país do futuro. Nunca foi.
Enquanto isso, indiferentes ao desespero daqueles, a quem finalmente é oferecida a esperança, de um futuro qualquer, propagam-se nas redes sociais e nalgumas postagens idiotas, que até os ditos prosadores acreditam ser uma espécie de redentores do futuro.
No portão da nossa casa, duas moças lindas americanas pedem para entrar e convencer a família que o futuro é dos mórmons – filhos Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Céus!
No futuro, quem mais vai sofrer com o aquecimento global serão as mães. Nunca mais poderão recomendar “Leve um casaquinho, meu filho.”
O futuro já passou, o que explica tantos ultra/passados ao redor, no poder, na baixa da égua.
Kapetadas
1 – A democracia é tão sensacional que muitos políticos e cidadãos a querem só pra si.
2 – No futuro check-up – será uma série de exames rigorosos que a gente faz, para saber como vai o nosso plano de saúde.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024