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ESPAÇO K

Ronaldinho Cunha Lima, bom no conteúdo e nas “pancadas”

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publicado em 25/09/2023 ás 09h45
atualizado em 01/10/2023 ás 14h08

Kubitschek Pinheiro

Você sabe quem é Ronaldinho Cunha Lima, o Ronaldo Filho? Sim, ele mesmo, bom no conteúdo e nas “pancadas”. O cara, mesmo sendo o primogênito do saudoso poeta Ronaldo Cunha Lima e Dona Glória, parece ser o caçula. Tá na cara. Já nasceu com o pé no mundo, inteligente e de uma educação invejável. É advogado e nasceu em 1960, em Campina Grande.

Procurado pelo Espaço K do MaisPB, ele revela conhecimentos e não fica calado diante qualquer pergunta, por que sabe que não está falando para um portal,  mas para muitas janelas.  

Ele sabe também que se não conseguirmos captar a atenção do leitor, estamos todos ferrados. Mas o cara é foda e fala de si mesmo, da responsabilidade de ter o nome do pai, que foi governador, senador, deputado, prefeito, e provavelmente não sairá da mente do povo. Morre o homem, fica o nome.

Ronaldinho tem  sua identidade sonora, trabalha há anos com a arte Ikebana (arte da composição floral conforme com as tradições e a filosofia japonesas, que, a partir do sVII, obedece a regras e a uma simbologia codificadas. O termo significa “trazer flores à vida”. Mesmo na correria de sempre não se estressa à toa. Em duas perguntas, ele ressalta expressões do dia a dia: “Trabalho e me divirto” e “Sigo em frente.”

Nessa janela aberta ela fala de música, dos filhos, do amor pela politica e sabe explorar outras janelas, fala do Governo Lula, de quando foi vice-prefeito de Campina Grande, do tempo que morou no Rio de Janeiro e do que vamos descobrindo na vida. Não usa gírias, jargões Siga a leitura!

Na próxima segunda-feira, a conversa é com o ator Buda Lira.

Espaço K  – Você tem o nome de seu pai, cuja responsa é grande, apesar de ser talentoso tanto, o quanto. Vamos começar por aqui?

Ronaldinho –  Ter o nome do pai tem lá o seu preço, isso pra qualquer criança. Nossas identidades se misturam e o filho, sobretudo na infância, estará sempre atrás da imagem paterna, com ela se confundido.  No meu caso há um “agravante”: meu pai, o poeta Ronaldo Cunha Lima, era um ser humano diferenciado, namorava com a genialidade.

Espaço K – De uma inteligência notável, né?

Ronaldinho –  Sim, sua inteligência incomum lhe projetava em tudo que fazia. Foi assim na política, na poesia e na advocacia. O momento mais crucial pra mim foi quando passei no vestibular de direito e passei a trabalhar com ele no seu escritório, que ficava no centro do Rio. Naquela época ele ainda estava com seus direitos políticos cassados por força da repulsiva ditadura militar que se instalou no Brasil a partir do golpe de 1964. (E ainda tem uns doidos que pedem a volta dos militares.).

Espaço K – Ronaldo era um pai exigente?

Ronaldinho  – No trabalho surgiu um pai extremamente exigente. Eu penava. Naturalmente ele usava como parâmetro e régua a sua própria capacidade e inteligência, só que ele era inalcançável. Eu sofri um bocado, mas depois de um tempo me adaptei. Em dado momento, eu já formado, larguei tudo e fui tocar num grupo de brasileiros em Miami. Eu dançava, tocava Cuíca e Berimbau e outros instrumentos de percussão e ainda jogava capoeira. Depois fui para as Bermudas. Foi aventura maravilhosa.

Espaço K- Seu pai era amante da liberdade, escrevia versos que falam desse amor que ele tinha pela vida. Tem um poema de sua predileção?

Ronaldinho –  Certa vez alguém perguntou ao meu pai qual era o filho de sua preferência. Ele respondeu: “como posso ter preferência entre as cores do arco-íris?”  Belo, não? Mas se eu tivesse que citar um poema eu escolheria o Habeas Pinho, uma obra-prima! Essa petição em verso ornamenta a parede de incontáveis escritórios de advocacia pelo Brasil afora.

Espaço K – Vez em quando você escreve um texto em que detona os preconceituosos, os babacas, os poderes apodrecidos e envia pelo zap. Como acontece esse instalo?

Ronaldinho –  De um tempo pra cá tomei gosto em escrever. Isso se deu por causa do feedback positivo que tive das pessoas. Eu não sabia que escrevia bem. Escrevo?  Dá um estalo e pronto, muito rapidamente sai um texto escrito invariavelmente no celular. Quando escrevo não penso em agradar. Digo o que penso, talvez por isso as pessoas gostem.

Espaço K – Vamos falar de política? O presidente Lula não para de viajar com sua digníssima Janja. Na viagem à Índia, ela postou um vídeo, tirando onda, enquanto no Rio Grande do Sul cidades foram devastadas. Como você ver essa loucura toda?

Ronaldinho – Infelizmente o presidente Lula tem demonstrado total desapreço a princípios que calçam as democracias. E olhe que Bolsonaro é que era acusado de antidemocrático. Lula começou já na campanha a falar da necessidade de regulamentação da mídia digital. Um retrocesso. Já na presidência desembestou a falar e defender o indefensável. Disse que não existia ditadura na Venezuela, que tudo era fruto de narrativas (ô palavra chata!), um insulto ao povo venezuelano.

Espaço K- Teria conexão com a ditadura?

Ronaldinho – A simpatia pela ditadura cubana vem de longe. Incompreensível! O sanguinário regime da Nicarágua também recebeu os afagos e cafunés do presidente. Não dá! Quis mediar a guerra entre Rússia e Ucrânia e deu vexame. Disse que a Ucrânia, o país invadido sem qualquer justificativa, estava querendo a guerra. Pô, Lula ! Mais recentemente quis cantar de galo dizendo que Putin, o ditador russo, não seria preso no Brasil. A decretação da prisão poderia ser por crimes de guerra emanada do TPI- Tribunal Penal Internacional, órgão que Lula disse não saber da existência. Tem outras pérolas. Janja é um caso aparte.

Espaço K – Você chegou a ser vice-prefeito de Campina Grande, mas me parece que política não é sua praia. Poderia falar sobre isso?

Ronaldinho – A política é minha praia. Eu amo a política! De fato, com muita honra e alegria fui vice-prefeito de Campina Grande, minha terra natal, ao lado do meu estimado amigo Romero Rodrigues. Foram 4 anos intensos e de muito aprendizado. Abri mão da disputa de reeleição pra permitir que Romero pudesse angariar novos apoios. Saí com a sensação dever cumprido. Faria tudo de novo.

Espaço K- A música está presente em sua vida desde muito tempo. Você chegou a ser percussionista da Banda Biquíni Cavadão? O que fez não seguir a carreira de artista?

Ronaldinho –  Na verdade eu fui empresário do Biquíni Cavadão, e tocava como percussionista nos shows mais importantes, além de ter gravado um ou  dois discos. Um tempo maravilhoso. Na estrada, conhecendo o Brasil ao lado dos músicos da banda, pessoas maravilhosas e muito talentosas.  São todos meus amigos. Não segui a carreia de músico porque optei pela advocacia.

Espaço K – Vez em quando você posta um vídeo tocando percussão e expressa uma alegria danada. Fala aí desse momento só?

Ronaldinho –  Toco em casa e às vezes gravo e posto no Instagram, o faço por puro deleite.  Todo músico gosta de público, eu não sou diferente, disse rindo.

Espaço K- Hoje e faz tempo, Ronaldinho trabalha como empresário de shows. Já lotou os teatros paraibanos com muitos artistas famosos. É difícil trabalhar nesse mercado?

Ronaldinho  – A produção de eventos é uma atividade onde não há solidariedade nem compaixão. É um ramo muito competitivo. É cobra comendo cobra, mas eu levo na boa. Trabalho e me divirto.

Espaço K – Tem outra arte, que poucos sabem, você trabalha com verdadeiras belezas os jarros com flores – ikebanas, que é uma arte milenar, como isso aconteceu em sua vida?

Ronaldinho   –  Eu tinha uns 15 anos e remava no Flamengo, mais precisamente na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio. Próximo ao clube estava havendo uma exposição de Ikebanas, foi amor à primeira vista. Aquilo me marcou. Se passaram décadas até eu começar a fazer meus próprios arranjos. Quem quiser pode conferir no Instagram, @ikebana

Espaço K – Você tem filhos de casamentos diferentes e claro, ama a todos. É difícil ser pai muitas vezes?

Ronaldinho –  Eu amo todos. De fato, ser um bom pai não é fácil. Os filhos sempre se queixam. Mas não ligo. Sigo em frente.

Espaço K E seu amor por Roberta?

Ronaldinho – Roberta é tudo na minha vida.

Espaço K  –  Ronaldinho acredita em Deus ou faz parte do cordão dos ateus, filhos de Deus?

Ronaldinho –  “Em Deus eu acredito, não acredito é nos intermédios“ Gilberto Gil

Espaço K  – Todo mundo mente. Nem que seja uma mentirinha. Ronaldinho mente?

Ronaldinho –  Claro! Agora mesmo eu posso tá mentindo.