João Pessoa, 30 de setembro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Quando eu soube que a polícia do Estado do Espirito Santo apreendera 31 frascos da droga fentanil com traficantes comecei a pesquisar o assunto. Três meses depois cheguei à conclusão que se trata do começo de um inferno que mata nos E.U.A. mais gente do que acidentes de automóveis ou armas de fogo. Informaram-me que lá já morreram mais americanos vítimas de opioides do que todos os mortos em todas as guerras que o país lutou desde a II guerra mundial.
Obvio que opioides usados em UTIs ou receitados por médicos não tem nada de errado. O problema é que os americanos começaram a consumir nos últimos anos, ilegalmente, cada vez mais remédios para tratar de dor, principalmente o fentanil, 100 vezes mais potente que a morfina. Traficantes abastecem o crescente mercado dos E.U.A. porque os médicos recusam-se a fornecer prescrições aos viciados.
Tudo isso começou quando Arthur Sackler foi trabalhar no Creedmoor Psychiatric Center em 1944. Naquela época utilizava-se o choque elétrico para tratar dos milhares de deficientes mentais internados, mais tarde “evoluindo” para a lobotomia, que transformava seres humanos em zumbis.
Sackler intuiu que deveria haver outra forma de tratamento e partiu para a pesquisa de um remédio. Daí a construir a indústria farmacêutica tal como ela é hoje foi um pulo. A história é longa, porém resumidamente através da Pordue Pharma em 1996 foi lançado o OxyContin, um potente analgésico opioide que trataria de dores crônicas. Faturaram 35 bilhões de dólares. A partir da introdução desse remédio o inferno abriu as portas para milhões de americanos que se viciaram em opioides. Na série House o tema é bem colocado. Voltando às origens, o filho de Arthur, Richard, botou pra torar no que o pai iniciara. Na verdade o OxyContrin eliminava a dor e trazia de volta por pouco tempo a vida plena dos usuários. Só que depois… .
Descobriu-se que o fentanil, outro opioide, poderia ser criado em laboratórios clandestinos e aí o diabo chegou via traficantes. Do que me disseram, a cada ano 70 mil pessoas morrem de overdose de opioides e 15 milhões passam a ser dependentes.
Tenho um farto material sobre o tema, porém pouco espaço para expô-lo. Aos interessados recomendo lerem “O império da dor” e para os mais apressados que assistam “Painkiller”, na Netflix.
Te cuida, Brasil!
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OPINIÃO - 22/11/2024