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Educador Físico,  Psicólogo e Advogado. Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal Investigativa. Agente Especial da Polícia Federal Brasileira (aposentado). Sócio da ABEAD - Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e do IBRASJUS - Instituto Brasileiro de Justiça e Cidadania. É ex-presidente da Comissão de Políticas de Segurança e Drogas da OAB/PB, e do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas do município de João Pessoa/PB. Também coordenou por vários anos no estado da Paraiba, o programa educativo "Maçonaria a favor da Vida". É ex-colunista da rádio CBN João Pessoa e autor dos livros: Drogas- Família e Escola, a Informação como Prevenção; Drogas- Problema Meu e Seu e Drogas - onde e como lidar com o problema?. Já proferiu centenas de conferências e cursos, e publicou dezenas de artigos em revistas e livros especializados sobre os temas já citados.

Prevenindo a ansiedade, depressão e suicídio

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publicado em 03/10/2023 às 07h00
atualizado em 02/10/2023 às 15h51

 

Há poucos meses escrevi sobre o tema “suicídio”, mas por sugestão de alguns leitores, e como acabamos de passar pelo conhecido “setembro amarelo”, mês escolhido pelo poder público e sociedade em geral para o aprimoramento e ampliação das campanhas educativas de prevenção a este mal, volto ao assunto, pois, a maneira mais eficiente de chegarmos à conscientização em relação a qualquer que seja a política pública é, certamente, a massificação das informações sobre a causa almejada.

Portanto é muito importante ampliar o alcance da campanha do “setembro amarelo”, haja vista que o suicídio é a principal causa morte evitável em todo o mundo. E, segundo todas as estatísticas oficiais, tem crescido em todas as faixas etárias, especialmente entre os mais jovens e os idosos.

No Brasil as mortes por suicídio perdem apenas para os homicídios e os acidentes de trânsito, entre aquelas causadas por fatores externos.

Dentre as causas que influenciam na retirada da própria vida, a Organização Mundial de Saúde, enumera algumas, como o histórico familiar de suicídio, o uso abusivo de álcool e outras drogas, perdas ou lutos, decepções amorosas e transtornos mentais, entre estes especialmente a depressão e a esquizofrenia. É importante acrescentar que a grande maioria das pessoas que cometem suicídio, passa por depressão, independente de sexo, faixa etária ou qualquer outra característica.

O sofrimento mental mais comum na atualidade é a ansiedade. Por outro lado, um dos fatores que contribuem para esta realidade, segundo alguns estudiosos, é o excesso de telas (computador, celular, televisor etc.), às quais a população está diuturnamente exposta.

Ainda em relação a este mal, vale a pena acrescentar que, segundo a OMS, o Brasil é o país mais ansioso do mundo, e comumente tal transtorno precede a depressão, ou seja, a ansiedade chega primeiro, e, se não tratada, posteriormente vem a depressão.       Os principais sintomas físicos da ansiedade são taquicardia, respiração ofegante, tremores, boca seca, mãos suadas, náusea, dores abdominais, sensação que vai desmaiar etc. Embora tais sintomas sejam reais, as motivações que os originam são falsas. Basta que o indivíduo interrogue seus próprios pensamentos (preocupações exageradas, sensações que algo ruim vai acontecer etc.), e logo perceberá as inconsistências existentes nestes, haja vista que muitas vezes, “a mente, mente”.

Se tais sensações chegarem, fale com as pessoas da sua confiança. Admita que está com medo, ansioso(a), pare um pouco o que está fazendo, e respire lentamente (inspirando pelo nariz e expirando pela boca). Por mais assustador que pareça, enfrentar o medo, nos dá alívio, e melhora a autoconfiança. Lembre-se que a motivação desta sensação é falsa. Tente fugir dos pensamentos ruins, faça isso insistentemente, como treino: saia ou evite grupos de whatsApp pessimistas, gerencie bem o seu tempo (saia com antecedência para os seus compromissos e evite agendá-los muito próximos uns dos outros); peça ajuda e ofereça ajuda frequentemente; pratique a solidariedade e a gratidão; valorize suas conquistas, mesmo as pequenas conquistas do dia a dia; por fim, gaste sua energia naquilo que você pode controlar, pois como diz a sabedoria popular: “o que não tem solução já está resolvido”.

Estas estratégias simples irão ajudar a evitar e também a controlar, tanto o transtorno de ansiedade quanto a possível consequente depressão, que é o principal fator relacionado e, por vezes, impulsionador do suicídio.

A depressão é uma doença que pode acometer a qualquer pessoa, independente do seu nível cultural, social, financeiro etc. Até hoje não se sabe a origem biológica deste mal. Sabe-se apenas que é um distúrbio do humor, e que está relacionado a desregulação de alguns neurotransmissores, como glutamato, dopamina, serotonina, noradrenalina etc. E que, geralmente, resulta de uma interação entre: predisposição genética e fatores sociais, culturais e ambientais, dentre estes, o uso indevido de drogas, lutos, traumas graves e transtornos mentais, como os já citados. Sendo a depressão, o transtorno mais relacionado ao suicídio.

Contudo, estar com depressão não significa um caminho para o suicídio. Grande parte das pessoas com este mal, desde que tratadas adequadamente, poderá ter uma qualidade de vida normal e prazerosa.

Assim, o poder público e a sociedade em geral precisa se comprometer com esta causa. Com atitudes simples, cada cidadão ou cidadã poderá contribuir, e não apenas os profissionais especializados. Aproxime-se mais daquela pessoa que demonstra estar depressiva, escute o que ela tem a falar, mostre-se disponível, ofereça auxílio e vá junto com ela procurar ajuda especializada; também tente elogiar mais as pessoas a sua volta, a admiração silenciosa não surte efeito.

Geralmente o dia que o ser humano é mais elogiado e recebe flores, é o do seu velório. Talvez se esta pessoa no caixão pudesse ouvir todos aqueles elogios a ele(a) dirigidos, se levantaria e voltaria pra vida feliz e motivado(a).

Portanto, precisamos nos empenhar em valorizar mais e, de forma ostensiva, a nossa família, os nossos amigos, colegas de trabalho e a nós mesmos, nos culpando menos. E com isto, certamente contribuiremos para minimizar males como: a ansiedade, a depressão e consequentemente o suicídio.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB