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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Morrer de alegria

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publicado em 07/10/2023 ás 07h00
atualizado em 07/10/2023 ás 08h03

Despertamos e não somos os que deitamos, somos o beijo no asfalto e somos despenteados, fantasminhas, esticamos o esqueleto até o alivio do primeiro jato do mijo, mas sabemos que somos passistas, entre os monstros da cidade.

Sinopses não dizem nada do que parecemos ser, já com a repetição das formalidades, bom dia, boa tarde, nunca boa madrugada. Por favor, não precisa dar bom dia pelo zap, sequer na rota dos elevadores. Quando vi Dani Fialho na exposição de Miguel dos Santos, no Espaço Arte Brasil, me agarrei ao Menino Jesus de Praga e vi Hosana nas Alturas. Seremos assim no amém.

De uma golada só, o xarope, o mel, gengibre, Tadalafila 5mg, um mix de limão e o leve toque de Old Parr. Ah, nunca mais.

Na hora do almoço dei de cara com um sujeito de sorte, acho que o nome é bíblico e tem um som no final, e do abraço dele, nunca esqueci. Aproveitei para dar as coordenadas de futuros territórios gozolares, mas somos os  eternos escravos de Jó que jogavam caxangá.  Sacou?

Na antiga pracinha dos poderes, lembrei de Castro Alves que tinha como seus fãs Machado de Assis e José Alencar, mas nenhuma Iracema é mais virgem mãe puríssima.

O fogão do Pe. Egídio

Tem água presa no ouvido do Padre Egídio, tirando o sono do caçador de níquel, que deu o maior calote no Hospital da gente, o Padre Zé. Poxa, logo no Padre Zé, padre Egídio! Tu tá lascado. Tá nada, no Brasil só mofa na cadeia, os pretos e pobres.

Mexeu com Padre Zé Coutinho, mexeu com a pobreza. Nunca esqueci Padre Zé em sua cadeira de roda gigante, na inauguração do Hotel Tambaú, cutucando os ricos com sua vara comprida, arrancando grana para os pobres.

Padre Egídio não é do time de Pe. Amaro. Lembram dele? O garanhão de Eça de Queiroz. Esse ou Eça? Aliás, o padre Egídio foi visto no ponto da pomba-gira, entre Juazeiro e Petrolina. Deixe-o com seu fogão ardendo em labaredas, nesses tempos que trambiqueiros viram doutores.

Erotismo baobá. Oba!

Um tremor da cama nos tira o equilíbrio, num gozo que vislumbramos a carne nua, a pele macia, o dengo e todos os gemidos sem dor.

Dos dias de ontem, não lembro mais, que partilhámos a beleza cosmonauta das conquistas em comunidade, homem e mulher na cama, como canta João Bosco “Manjedoura d’alma, Labarágua, sete quedas em chama, Cobra de ferro, Oxumaré, Homem e mulher na cama”

Na cozinha noturna nos encontrávamos, quando vivíamos bêbedos das coisas, e aos beijos, a gente morria de alegria.

Kapetadas

1 – Todo mundo pode te aconselhar, mas ninguém tem o direito de te calar. Fala, Padre Egídio

2 – Triste Bahia, tantos mortos, tanta milicia e facção.

3 – O burro antropomorfo é o mais terrível dos animais, juntamente com a mula hominídea. Deu a bexiga.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB