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ESPAÇO K

Walter Santos, pioneiro da notícia online

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publicado em 09/10/2023 às 08h49
atualizado em 09/10/2023 às 15h28

 

Kubitschek Pinheiro

 

O que se percebe, o jornalista Walter Santos, é um profissional realizado. Circula nos eventos culturais, sociais e políticos, com a mesma desenvoltura inicial. Ele surge rindo, seja onde for. É um bom camarada, como se diz por aí.

Segundo o jornalista Petrônio Souto, quando Walter Santos apareceu no cenário da notícia, como repórter do Jornal O Norte, já despontava no “faro e no fato”, e não voltava para a redação sem a  notícia. Formado em Comunicação pela UFPB, ele foi o primiero a acreditar no suporte da tecnologia e ressalta isso: “Aprendi cedo a conviver com a ousadia, acho até que de forma demasiada, porque tudo começou com a decisão de pedir demissão da UFPB, Sebrae e Unimed Nordeste em 1998 para gerar tudo o que aconteceu.

Mesmo com os argumentos previsíveis de que o mundo seria online, foi ele quem abriu a bodega mais próxima e lançou o Portal WSCOM, sempre com uma pretensão de que nunca ficou longe daquilo que já era tardio, a modernidade,  a notícia via Internet, daquela que voa, imputa e dispara, o que os jornais impressos só diriam no dia seguinte.

 Sua participação como profissional  o levou a ser secretário de Estado, editor do Correio da Paraíba, O Momento e, editor e diretor da Revista Nordeste, que incluiu na rota nacional, as notícias do espaço Brasil mais influente, a região em que nascemos,  o Nordeste, apesar das críticas vorazes de idiotas sulistas etc

Em conversa com o Espaço K, Walter Santos não se repete, nem usa argumentos estafados. Ele discorda de algumas coisas e mostra o caminho de outras, fala dos projetos e lamenta que o centro da cidade esteja entregue as baratas. “A prefeitura está se mobilizando. Precisamos reocupar a cena. Enquanto há vida, há esperança mas sempre com lutas”, justifica. 

O entrevistado da proxima segunda-feira é o jornalista Nonato Guedes.

 

Espaço K  – Você foi o primeiro a apontar para tecnologia, para o avanço,  o mundo online, colocando o WSCom nas paradas de sucesso, enquanto jornais impressos achavam que ainda impressionavam. Vamos começar por aqui?

 

Walter Santos – Aprendi cedo a conviver com a ousadia, acho até que de forma demasiada, porque tudo começou com a decisão de pedir demissão da UFPB, Sebrae e Unimed Nordeste em 1998 para gerar tudo o que aconteceu. Como ninguém me internou e tudo mereceu resultados impressionantes, então parti para lançar a Revista NORDESTE em 1996, na atualidade com 17 anos promovendo a leitura do Brasil pela ótica e defesa dos 9 estados. Resultado: entrei para a turma de Ariano, aquela formada pelos doidos de juízo. Não é fácil.

Espaço K – Acreditou e valorizou o centro histórico de João Pessoa, instalando a sede do WS.Com  na pracinha de Nossa Senhora das Neves. Ok, mas hoje a cidade parece abandonada com prédios em ruínas, como se não batesse mais o coração de João Pessoa. É triste, né?

Walter Santos – As responsabilidades em torno desta questão são de origens variadas a partir da própria sociedade que resolveu habitar na direção da orla dando as costas à sua base original. Nos últimos tempos os negócios também migraram para outras localidades com instituições e órgãos públicos embarcando nessa desabitação gerando a realidade conhecida. Mas lutamos e torcemos para virada de cenário com obras anunciadas em volume pela PMJP diante da mobilização do Comitê da API, algo parecido com o que fizemos de 2000 em diante. A prefeitura está se mobilizando. Precisamos reocupar a cena. Enquanto há vida, há esperança mas sempre com lutas.

Espaço K  – Você, como os bons jornalistas da cidade, foi editor de grandes jornais que já morreram – vamos falar dessa experiência, quando o impresso era esperado de madrugada na casa das pessoas?

 

Walter Santos – Cada época com seus valores e costumes. A fase dos jornais impressos construiu uma série de gerações talentosas sob efeito da leitura e um clima boêmio a reunir tanta gente depois de concluídas as edições para comentar os dramas do dia. Fazíamos os jornais do amanhã, algo que foi tragado pela cultura online, instantânea. Agora são só memórias.

Espaço K  – Antes de ir para o Correio, você colocou o Jornal O Momento noutro momento nas ruas e na  cabeças dos leitores. Lembro de ter visto por lá, Chico Noronha,  saudoso Marcos Tavares, Petrônio Souto e muito mais. Poderia falar sobre esse Momento outro?

Walter Santos – Poucos sabem mas a nossa fase no MOMENTO foi fruto de decisão do empresário João Furtado de receber o veículo como pagamento a créditos da ENARQ, a maior construtora da época. Ele me chamou para comandar o jornal de forma ampliada, mas sugeri e ele acatou que nossa saudosa Goretti Zenaide fosse a superintendente com Lourdinha Moura no financeiro. Preferi cuidar exclusivamente da parte editorial e recebi dele “Carta Branca”. Então montamos um time de primeira com Giovani Meireles na editoria adjunta com todo time citado. Chegamos a ameaçar o Correio e O Norte em tiragem quando, dizem os bastidores, que Roberto Cavalcanti foi a Marconi Góis e então resolveram dizer ao governador Burity que era preciso asfixiar O MOMENTO – o que aconteceu. João Furtado como tinha a ENARQ como prioridade não teve paciência e fôlego porque poucos antes depois Ronaldo Cunha Lima ganharia o governo. Fomos o primeiro a abrir espaços plurais para as várias tendências e partidos políticos incluindo a igreja e a esquerda. Tempos memoráveis.

 Espaço K  – Tem uma história que  diz que a classe dos jornalistas é encrenqueira, às vezes é cobra engolindo outra. Procede?

 Walter Santos – Isso faz parte da sociedade de uma forma em geral, portanto, não só entre jornalistas. Na verdade, a cultura de intriga é antiga, mas melhoramos muito. A existência do curso de comunicação de 1978 para cá contribui positivamente neste sentido.

 Espaço K – Quando você me convidou para fazer a coluna diária Kotidiano ( a logo do saudoso Cristovão Tadeu) na capa de Cultura do Momento – os textos endiabrados, delirantes do K começaram a incomodar algumas pessoas. Sem dar nomes, por favor, mas conte aí essa história para o leitor de hoje?

 Walter Santos  – Sua percepção social desde sempre abrigou o olhar diferenciado permitindo diálogos com novas tendências humanas até. Como somos uma sociedade conservadora, sua linguagem inclusiva a envolver os excluídos e “fora da ordem” fizeram um bem danado à aldeia, mas os conservadores se incomodavam e até se queixavam. Só que prevaleceu sempre o brilho do K solar. Felizmente.

 Espaço K – Você é conhecido como garanhão e já teve muitas mulheres, mas com o tempo a gente aquieta, né?

 Walter Santos  – Discordo do preconceito. Sou civilizado, educado, de bons modos e abrigar a sorte de ter convivido com pessoas que me ensinaram a ser um homem melhor. Por exemplo: Ainda hoje temos excelente relacionamento humano com Maísa, mãe dos filhos – tesouros Pablo e Vinícius, todos de formação à qual contribui imensamente para eles serem melhores do que eu. Sou libriano.

 Espaço K  – Walter Santos também é conhecido como um chato, mas todo mundo é, né?

 Walter Santos  – Também preciso discordar. Não me considero com esse predicativo. Na verdade, tenho opinião que, em face disso, num tempo de intolerância haja quem incorpore o conceito que insisto em conviver pelo ser democrático que sou. Sou mesmo é massa!

 Espaço K  – Politica é o fim, já disse Caetano Veloso – a sensação que temos é que todos são iguais, não é?

 Walter Santos  – Olha, a Política é tudo o que há de fundamental e indispensável. Agora, o enfrentamento transloucado de uns tempos para cá é fruto exatamente da disseminação absurda da “não política” igualando todos por baixo, mas na realidade há ainda muita gente fazendo política qualificada. Precisamos, sim, valorizar o exercício da Política envolvendo todos, em especial os excluídos de sempre.

 

Espaço K  – O grande plus é a Revista Nordeste já  nasceu nacional. Vamos dela, nela?

 Walter Santos  – Eis mais uma ousadia a comemorar 17 anos ininterruptos com caráter nacional. Como diz a canção , “eu penei mas aqui cheguei”. Ainda vamos ousar mais. Ultimamente temos apoiado uma iniciativa de vanguarda denominada Centro Tecnológico – Professor Lynaldo Cavalcanti presidido pelo jovem professor doutor Pedro Tolentino com números projetos de inovação a gerar superdimensionamento sobre a história fantástica do paraibano que em toda a história mais contribuiu para a ciência e a tecnologia do Brasil.

Espaço K  – Quando você foi presidente da API, a movimentação, e as eleições eram acirradas, hoje a API é um prédio, uma imagem, uma lembrança, concorda?

Walter Santos  – A Associação Paraibana de Imprensa, agora com Marcos Weric, ensaia movimentos de revitalização mas tem o desafio de mobilizar as novas gerações, hoje sob a égide digital. No meu entendimento, contudo, o papel institucional da API sempre foi de defender a Democracia, o Estado Democrático de Direito e promover, gerar debates permanentes para melhorar o nível de nossa sociedade interna e geral. Tem de mobilizar, o que fizemos nos dois mandatos pelo voto livre e soberano.

Espaço K  – O que Walter Santos acha do Governo Lula?

Walter Santos  – O Governo Lula se traduz na esperança da retomada sistemática de diversas políticas nos vários níveis a gerar inclusão e métodos de estruturar políticas sócio – econômicas a reinserir o Brasil em patamar de reconhecimento que perdera. Ele voltou a incluir o País na agenda global e conduz políticas de reconstrução de nossa Nação. Ainda bem. As novas gerações agradecem.

Espaço K  – Vamos fechar com a Torrelândia que  pariu WS, o mercado publico, as casas emendadas, os amores esquecidos e velhos nas esquinas…

Walter Santos  –O bairro da Torre é a tradução popular mais veemente da força cultural em meio às transições sócio-econômicas pois, olhando hoje para seu ambiente, ninguém se lembra que por lá povoaram muita gente negra e pobre vivendo em casas de palha e muitos xangôs. Mário de Andrade em 1943 esteve por lá filmando tudo, os Africanos da Torre, etc. Tenho no meu DNA e do mano Duda (Hilton Cândido) a condição de ser neto do fundador da Escola de Samba “Malandros do Morro”, Severino Cândido, e ter jogado no Ibis da Torre, do eterno presidente José Dimas de Medeiros. A Torre é como se fora uma Nação com muito afeto pelos que por lá passaram ou moram.

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