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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

Deu certo em Nova Iorque

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publicado em 28/10/2023 ás 07h00
atualizado em 27/10/2023 ás 17h42

Nova Iorque tem 8 milhões de habitantes, o Rio de Janeiro tem pouco mais de 6 milhões. Até 1990 imperava o caos em Nova Iorque. Naquele ano registraram-se quase 2.500 homicídios. Com a eleição de David Dinks, o único afro-americano eleito prefeito de Nova Iorque até hoje, começou a virada. Ele contratou 8.000 novos policiais (25% do efetivo) e organizou uma infraestrutura que foi sendo aperfeiçoada pelos prefeitos que o sucederam. Basta dizer que em 2012 os homicídios caíram para menos de 500. Enquanto isso no Rio de Janeiro somente nos primeiros sete meses deste ano ocorreram 1.941 homicídios, 9% a mais do que no mesmo período do ano passado.

A mágica de Nova Iorque?

Esqueçam o midiático Rudolph Giuliani cuja famosa política de tolerância zero de tão fajuta chegou a ser reconhecida pela Justiça em 2013 como discriminatória. Pudera, só dava baculejos em pretos e latinos. Porém não há como negar que todos os prefeitos que se seguiram ao velho David contribuíram para melhorar a situação. Um sistema super informatizado liga todas as 77 delegacias e mensalmente os chefes reúnem-se para avaliação de seus desempenhos. Quem não atingir as sucessivas metas pega descendo. Salários dignos foram providenciados de tal sorte que a media salarial dos policiais lá é de 6.250 dólares por mês, uns 32 mil reais. Já no Rio de Janeiro começa-se com 5 mil reais, podendo somar até 2.800 reais a essa fortuna se participar do Regime Adicional de Serviço (RAS), bastando trabalhar “somente” durante todas as suas folgas.

Poderia aqui dizer dos tremendos avanços tecnológicos que a polícia de Nova Iorque adquiriu, entre os quais sensores espalhados pela cidade que fazem uma triangulação imediatamente depois do disparo de qualquer arma de fogo indicando precisamente o local do tiro e permitindo que a viatura mais próxima chegue com brevidade à cena do possível crime.

Do que entendi os baixos salários dos policiais do Rio de Janeiro quase que os obrigam a fazerem bicos. Ora, se é pra fazer um extra, o que rende mais; ser segurança de um parque infantil ou “assessorar” traficantes?

Fiz uma boa pesquisa sobre o tema. Se houvesse espaço contaria a vocês das origens da banda podre da polícia desde Mariel Mariscot e do capitão Guimarães, das milicias e da sua inacreditável fusão com o tráfico ultimamente. Limito-me a fixar na baixa remuneração dos policiais um dos motivos do Rio atual.

E a Paraíba? Me envergonha saber que nossos policiais são punidos quando se reformam, por mais atos heroicos que tenham praticado. É que capam quase 40% do seu soldo.

Quanto incentivo!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB