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Jornalista Zé Euflávio tem medo de alma

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publicado em 30/10/2023 ás 08h11
atualizado em 30/10/2023 ás 09h58

 

Kubitschek Pinheiro

 José Euflávio Horácio é um destacado repórter paraibano, conseguiu fazer nome, como poucos. Nasceu em Santana dos Garrotes e veio morar em João Pessoa no início da década de 1970. Migrou para a capital, enfrentou barreiras, estudou no Liceu, aprendeu e aprimorou sua carreira. Mesmo com o tino para ser jornalista foi para UFPB e estudou Comunicação Social. Com anel de bacharel e tudo mais.

Trabalhou no Correio da Paraíba, O Norte e A União. Criou asas e se mudou para Brasília onde trabalhou no Correio Brasiliense e na Sucursal do Jornal do Brasil, em Brasília.

Foi editar do Jornal O Rio Branco, no Acre e, depois de um tempo, em 94, voltou à Paraíba.

Zé caminha na praia de manhã cedo todos os dias, menos os santos e os domingos, tem hábito de leitura, gosta de tomar uma no bar do Zuca, em Tambaú. Teve um bom texto, teve mil namoradas, disse que não tem medo de morrer, mas se pela de medo de alma: “porque Alma é um bicho traiçoeiro e só aparece quando você está sozinho e no escuro”.

Divirtam-se com Zé e vamos seguindo acordando cedo que, na próxima segunda-feira, o convidado do Espaço K, é o jornalista Rubéns Nobrega.

Espaço K – Zé Euflávio é um bom jornalista? Vamos começar por aqui?

Zé Euflávio – Não sou cabotino, nem vaidoso, mas também não sou otário. Meus amigos e meus poucos leitores, me acham um bom jornalista. E eu acredito neles. Acho que sou um jornalista mediano. Eu me acho, de verdade, um bom Repórter. Ninguém nunca me deu uma pauta, para a matéria não chegar.

Espaço K- Como foi a primeira vez? Quando sentou numa máquina e escreveu a primeira reportagem?

Zé Euflávio  – Eu morava na Casa do Estudante da Paraíba, na Rua da Areia. Hermógenes Bonfim montou um jornal em frente. Eu fui lá e pedi um emprego a Benedito Maia, que era o editor do jornal O Nordeste. Ele me deu a pauta para fazer uma matéria sobre o lixão do Róger.

Espaço K – Você é uma prova de que os bons jornalistas vieram do batente, assim como outros bons jornalistas foram diplomados. Poderia fazer um parâmetro?

Zé Euflávio – O diploma regulariza a profissão, mas não é atestado de bom jornalista. Existem os bons jornalistas com diploma e bons jornalistas sem diploma. É uma questão de querer ser o que você quiser. É a aposta na vida.

Espaço K – Aliás, o jornalismo já lhe deu muita dor de cabeça, né? Vamos relembrar o fato em que você saiu fugindo de um lugar, era o editor de um jornal e sem medo, soltou uma manchete assustadora?

Zé Euflávio – Foi uma parte muito complicada da minha vida. Quando era editor do Jornal O Rio Branco, no Acre. Fugi de lá e nunca senti tanto medo na minha vida. Mas, é apenas uma pequena lembrança na minha memória.

Espaço K- Um profissional de qualquer área, a nossa  por exemplo, tem que ter o hábito de leitura, né?

Zé Euflávio – O mundo é o da leitura: você deita numa rede e começa lê um livro e viaja sem sair do lugar.

Espaço K – A gente percebe pelo seu Instagram, que Zé Euflávio não é muito de circular nessa rede social. Estou certo?

Zé Euflávio – Eu gosto das redes sociais. Uso mais o Face e Zap. Mas não gosto de ficar postando tudo que faço.

Espaço K – Mudando de assunto, você sempre foi um bom pai e teve apenas filhas mulheres de casamentos diferentes. Como é que isso funciona, casar demais?

Zé Euflávio – Eu tenho 4 filhas: Mariana, Indira, Ana Beatriz e Marina. São umas meninas muito bacanas, estudiosas e inteligentes. Não acho que casei demais. Lamento não ter casado mais.

Espaço K – Todo domingo você bate ponto com Nerivan e a patota, no bar do Zuca, que só tem macho.  Tem alguma coisa boa naquele lugar?

Zé Euflávio  – Eu gosto de frequentar esse tipo de botequim. Tem muita coisa boa lá.

Espaço K – Você tem um  portal faz tempo – esse tipo de veículo funciona bem, porque são tantos blogs, que virgem maria….

Zé Euflávio – Eu desativei o portal porque dava muito trabalho e pouco dinheiro.

Espaço K – Quem são os piores políticos paraibanos?

Zé Euflávio  – Os que roubam o dinheiro público.

Espaço K –  Falando em políticos honestos, você chegou a trabalhar com o deputado federal Francisco Evangelista?

Zé Euflávio – Nas eleições de 1990, o então deputado Estadual, Francisco Evangelista se elegeu deputado federal e me convidou para trabalhar com ele na sua Assessoria de Comunicação, em Brasília. Evangelista é um homem muito inteligente e muito interessado no que faz. Logo se adaptou em Brasília e transitava com facilidade na Câmara e nos órgãos do governo. Chico é um homem muito comedido e só costuma tomar uma decisão depois de pensar muito. Antes de tomar certas decisões, ele costumava conversar comigo, Idácio Souto, Cardoso e Dona Maria Emilia. Foi de grande aprendizado para eu trabalhar com Evangelista. Um bom homem.

 Espaço K – Tem alguma história para contar desse tempo de política, com  Evangelista?

Zé Euflávio  – Quando elegeu-se deputado federal, Evangelista deu um emprego ao filho de um prefeito do Sertão que tinha lhe apoiado. Em 94, Chico foi candidato a governador. Eu, Ele e Cardoso fomos fazer uma visita ao prefeito. Chegamos lá e Chico pediu o apoio dele. O homem disse que estava abandonando a política e quem decidia era o filho que estava viajando. Quando saímos, Evangelista disse que tirava 3 mil votos na cidade. E eu respondi: “Desse prefeito aí, você não tem nenhum”. Não deu outra. Tempos depois, o prefeito foi preso por desvio de dinheiro público. Evangelista nunca disse uma vírgula contra ele. Acho o gesto dele muito bonito.

Espaço K  – A quem Zé Euflávio bate continência?

Zé Euflávio – Bato continência aos meus amigos e minhas filhas.

Espaço K – Tem medo de morrer?

 Zé Euflávio  – Eu não tenho medo de morrer. Tenho medo de ficar doente, velho, numa cadeira de rodas precisando dos outros. Outro medo que tenho é de escuro e de Alma. Porque Alma é um bicho traiçoeiro e só aparece quando você está sozinho e no escuro.