João Pessoa, 06 de novembro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Surgidos em 1995 (sim… para você que achava que eram um fenômeno recente, saiba que surgiram no século passado!), os sites de relacionamento ganharam um papel quase vital na vida das pessoas, principalmente, durante e pós pandemia. Foi quando o barzinho não era uma opção, o cinema não era uma opção, até a padaria da esquina não era mais uma opção possível onde você pudesse conhecer pessoas ou iniciar relacionamentos.
Basicamente, são algoritmos, sequências matemáticas, que definem as chances de encontrar alguém similar a você. O bendito algoritmo mostra ou esconde perfis de pessoas que, de acordo com os cálculos, podem combinar ou não. Que coisa fantástica! Então, eu não preciso mais nem sair de casa para encontrar o par perfeito: aquele que vai gostar de tomar um vinho comigo, assistir aos mesmos filmes, viajar para os mesmos lugares, afinal, a tecnologia estaria, agora, ao meu dispor e faria essa “varredura” para mim.
Até aí tudo bem, o problema foi quando as pessoas, de maneira deturpada, começaram a utilizar tais aplicativos como menu de restaurante. Sabe aquele dia em que você está morrendo de vontade de comer comida japonesa ou naqueles outros em que um vatapá cairia muito bem? Sabe quando você senta em frente à TV, conecta-se a um serviço de streaming, mas não consegue escolher um filme para assistir, porque, na sua cabeça, pode existir um melhor, que você está deixando passar, simplesmente por ter escolhido o filme “A”? Hoje, funcionam assim os milagrosos aplicativos do amor.
Ai, ai… falar sobre isto me fez pensar na época dos meus pais… não, não vou tão longe… na minha época, quando as pessoas se conheciam através de amigos, ou nos lugares frequentados em comum, ou nos parques…conheciam-se, enamoravam-se e passavam a vida inteira juntos, amando-se apesar dos defeitos. Não existiam algoritmos que nos mostrassem antes se seríamos compatíveis ou não. Essa era a magia! Descobríamos no dia-a-dia… enquanto os sentimentos fluiam. Época feliz…!
Oferta e procura. É assim que as coisas acontecem hoje. Fluidez. Não, pior: volatilidade. Passamos por uma pandemia, perdemos tanta gente, mas, paradoxalmente, perdemos também a capacidade de reconhecer o valor das pessoas. O valor dos relacionamentos que hoje não duram semanas porque o aplicativo está lá, sempre te oferecendo opções melhores. Época triste…!
Fico pensando como será para os meus filhos… (bateu um medinho agora…!)! Como o coração deles será cuidado. Como cuidarão do coração das pessoas que conhecerem. Isto sem falar nos problemas emocionais e psicológicos que surgirão nas futuras gerações. Aliás, haverão outras gerações? As pessoas estarão dispostas a irem tão fundo nas relações a ponto de gerarem outras? Melhoremos, gente! Melhoremos!
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