João Pessoa, 07 de novembro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A principal reclamação dos usuários de serviços públicos está dirigida ao mau atendimento prestado por muitos servidores nas repartições públicas. Ser mal atendido nos balcões destas instituições quase que tem sido a regra, tornando-se a exceção o ser bem atendido(a). Em todas as enquetes ou avaliações informais realizadas, é raro os usuários avaliarem bem o atendimento recebido do(a) servidor(a) público(a).
Mas qual será a razão geradora desse comportamento reprovável?
No Brasil, é comum que a pessoa ingresse no serviço público não por vocação àquela atividade, mas sim pela busca de segurança e estabilidade no emprego, mesmo que, na maioria das vezes, a remuneração seja baixa. Isto também é regra no serviço público nacional, com raras exceções.
Alguns estudiosos desse tema afirmam que este comportamento desmotivado e de baixa empatia da maioria das pessoas na função pública em relação aos usuários é uma prática bastante comum em países instáveis política e economicamente como o Brasil.
É claro que existem as exceções, como já citei, e quero registrar que também sou servidor público, embora esteja aposentado. Modestamente, quando estava na ativa me esforcei para bem servir o(a)s usuário(a)s, mas é evidente que não tenho certeza se aquelas pessoas que foram atendidas por mim, têm uma opinião positiva em relação aos meus serviços também.
É muito comum que o(a) contribuinte ao chegar na recepção de uma repartição pública brasileira, se depare logo com uma placa: “desacatar funcionário público é crime” – pena:(….). Embora que, algumas vezes, quem é maltratado, e até desacatado, é o(a) usuário(a) contribuinte.
Algumas pessoas acreditam que o principal motivo desse mau atendimento se deve, como já citado, à baixa remuneração comumente paga a esse(a)s servidore(a)s. E assim, por se sentirem desvalorizado(a)s, trabalham mal e, por vezes, deságuam suas frustrações naquelas pessoas que, indiretamente, são seus patrões, ou seja, o(a)s usuário(a(s de tais serviços.
Esta crença, embora pareça lógica, cai por terra quando sabemos que essa prática de atendimento precário, também é comum por parte daquele(a)s servidore(a)s pertencentes às pequenas castas existentes na cúpula do serviço público brasileiro, que ganham bem e são agraciados com muitas mordomias, mas, mesmo assim, em geral não prestam um atendimento com a qualidade e atenção que o contribuinte merece. Parece ser esta uma cultura enraizada no nosso país. Infelizmente.
Vejo que é chegado o momento de, junto(a)s, nos empenharmos em mudar esta realidade nacional. Talvez a inclusão de cursos de formação e capacitação continuada para o(a)s servidores relativas a temas como: relações sociais e de boas maneiras, empatia etc. Também avalio como necessária a prática regular de avaliações deste(a)s servidore(a)s em relação a aspectos como: assiduidade, qualidade dos serviços, relações com o público e colegas etc. Avaliações estas em que, além do parecer do chefe, devem ser ouvidos também, além do público usuário(a)s dos serviços, os colegas de trabalho.
As ouvidorias e corregedorias independentes e fortes, à disposição do(a)s contribuintes, também são importantes. Com isto estará sendo priorizada a meritocracia, evitando que todo(a)s sejam tratados da mesma forma, sejam este(a)s dedicado(a)s ou não ao trabalho.
Enfim, a meu ver, se queremos realmente mudar o nosso país para melhor, precisamos não só de políticos honestos, mas também de uma mudança de cultura, em que todo(a)s o(a)s servidores públicos tenham consciência de qual é a sua função, ou seja, que são “servidore(a)s” daquele(a)s cidad(ã)os que procuram as repartições precisando dos seus serviços. Estão ali para servir, não para serem servido(a)s.
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OPINIÃO - 22/11/2024