João Pessoa, 05 de dezembro de 2011 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Nem o patamar sonhado pelas pétalas dos girassóis e nem muito menos o desastre que agourava os antiricardistas. O índice de aprovação (51%) da gestão Ricardo Coutinho conseguiu a proeza de surpreender governo e oposição.
Governistas tinham consciência de que 2011 foi de intensos conflitos com funcionalismo e classe política, setores com influência sobre a opinião pública. Por isso o receio de alta rejeição, fantasma que poderia comprometer a confiabilidade popular.
Uma surpresa também para a oposição, que não deu sossego ao governo e pautou o noticiário político com denúncias, cobranças e até emplacando uma CPI. Esperava-se que as greves e a insatisfação dos servidores determinassem a reprovação elevada do primeiro ano socialista no Palácio, sensação desmentida pelos números frios.
Surpresa maior em João Pessoa, metro quadrado que concentra o maior número de funcionários estaduais. Na Capital da grita, 56% referendam o governo ricardista. Os jovens da cidade formam a maior fatia de aprovação: 60,7%.
Porém, de Campina Grande, um alerta. A proporção da expectativa que deu ampla maioria na eleição foi superada pelo vazio de ações de envergadura. A frustração atual veio em forma de 47% de desaprovação entre os campinenses. Um duro recado.
Mas os girassóis crescem no voto de confiança ao governo: 56% apostam que a gestão superará a etapa turbulenta do primeiro ano, onde houve escassez até de propaganda positiva. Crédito gratuito que Ricardo terá que pagar com os juros da prometida “Nova Paraíba”.
Esfriando o Sertão –
A aprovação de 59% no Sertão tem simbologia especial. Nessa região, a liderança de Maranhão predominou e impôs diferença considerável em cima de Ricardo em 2010.
Pavimentando –
O índice não surpreende quem dialoga com os nativos. As obras de estradas geram impacto e simpatia nos sertanejos, que mantêm a máxima de só acreditar vendo.
Paradoxo campinense: reprovação e otimismo –
Um dado renova a esperança do staff girassol. Maioria considerável do eleitor campinense reprova o governo do PSB, mas, em contrapartida, 63,4% dos habitantes da Borborema, polarizada por Campina, são otimistas em relação ao futuro da gestão. O que obriga o governo chegar ao Compartimento com mais vigor.
Leitura venezianista –
“Há um desânimo, uma decepção. Alimentou-se uma expectativa e depois veio a frustração. Campina votou majoritariamente em Ricardo, pelo apelo de Cássio, achando que seria beneficiada. Em 12meses, não houve nada de diferente”. Avaliação do prefeito Veneziano (PMDB).
Sinal verde no Sertão –
Conhecedor do Sertão como a palma da mão, o deputado licenciado Lindolfo Pires (DEM), chefe do Governo, comemorou o recorde de aprovação na região. “As ações em construção de estradas estão dando credibilidade ao governo. Sinal de que estamos acertando muito bem”.
Euforia –
Em contato direto com a Coluna, o governador Ricardo Coutinho avaliou os números como uma resposta da compreensão popular aos primeiros passos da gestão.
Aval popular –
“A população da Paraíba está compreendendo os caminhos que o Estado trilha”, registrou Ricardo, referindo-se as medidas amargas de equilibro fiscal e financeiro.
Participação cidadã –
“Também há uma aprovação maior quanto aos novos instrumentos de gestão como o Orçamento Democrático e o Empreender-Paraíba”, elencou o governador socialista.
Sem rendição –
Para Ricardo Coutinho, os números da Consult mostram que o povo “aprova a coragem do governo em não deixar o Estado refém de qualquer grupo, seja qual for o segmento”.
Ausência da propaganda –
O líder girassol lembra: qualquer análise precisa levar em consideração que os dados da pesquisa foram colhidos, “sem que o governo tivesse publicidade mínima normal”.
As duas ‘realidades’ –
“Nos rádios e tv’s só aparecem as ‘crises’ e as críticas. Na base, o povo tem outras visões e compreensões. Sempre disse isso”, recorda, em sua particular análise.
Desconstrução –
Na visão ricardista, a aprovação de 51% bota em terra a impressão de caos generalizado e ausência de ações concretas no Estado, construída pela diligente e sagaz oposição.
Na base –
“Reflete também, lá nas bases, onde as pessoas moram, os altos investimentos que nesse ano, apesar da crise, superarão em mais de 25% os investimentos de 2010”, contabiliza.
E agora? –
A expectativa pra esta semana é auferir qual efeito dos números da avaliação na base governista, recolhida ao silêncio por medo de dividir a desmistificada “rejeição”.
Pausa –
O extrato da avaliação obriga o bunker da oposição à reflexão: continuar batendo pesado, linha que não tem surtido efeito, ou se converter à estratégia mais construtiva?
PINGO QUENTE – “Como Cássio vai controlar isso, já que ele é o avalista?” Do deputado Guilherme Almeida (PSC), para quem a rejeição do governo em Campina Grande respinga no grupo do senador Cássio Cunha Lima.
*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024