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ENTREVISTA

Novo líder na Câmara nega crise e diz que momento político é calmo

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publicado em 14/03/2012 ás 09h27

Escolhido pela presidente Dilma Rousseff como novo líder do governo na Câmara, o petista Arlindo Chinaglia (SP) diz que sair candidato à presidência da Casa no ano que vem está "completamente" fora de questão.

Líder do governo durante o episódio do mensalão, Chinaglia, que é médico, também já foi líder do PT e presidente da Câmara e diz acreditar que foi escolhido porque a presidente conhece seus "momentos bons e ruins".

Veja entrevista concedida à Folha ontem logo após ser indicado para assumir a liderança:

Folha – O sr. vai disputar a presidência da Câmara no ano que vem?

Arlindo Chinaglia – Isso está completamente fora de questão. Eu sou líder do governo, a minha tarefa é esta. Esse tipo de especulação existe na Casa não apenas comigo. As pessoas olham. Mas primeiro existe o acordo entre PT e PMDB e quem fala pelo PT é o líder do PT. Então não há hipótese de o PT não honrar um acordo. Tentarei falar em nome do conjunto dos partidos. Seria um erro crasso o líder do governo se meter em disputas dentro da própria base do governo.

O que fará diferente do seu antecessor, Cândido Vaccarezza (PT-SP)?

Acho que cada líder exerce a função de acordo com as circunstâncias. Por isso que tem aquele ditado chinês: ninguém mergulha no mesmo rio duas vezes. Então não se trata de fazer julgamento, fazer balanço e a partir daí exercer a liderança. Eu vou exercer a liderança de acordo com a minha percepção dos partidos da base, de acordo com a orientação do governo acima de tudo.

As mudanças na Câmara aconteceram apenas por causa de um erro da liderança do Senado na recondução de Bernardo Figueiredo?

Na conversa que eu tive com a presidência em nenhum momento houve qualquer abordagem que lembrasse isso.

Por que acha que ela escolheu o senhor?

Objetivamente ela me conhece. Eu tive momentos políticos quando era líder da bancada, líder do governo e presidente da Câmara. Eu demandava pouco o governo, até comentei isso com o ex-presidente Lula, mas quando precisava de alguém para tomar a decisão é com ela [Dilma] que eu falava, ela ainda como ministra. E ela prontamente atendia, dava uma opinião e a gente encaminhava. Ela me conhece em meus momentos bons e ruins.

Então vocês têm uma forte relação pessoal?

Primeiro acho que a presidente não pode escolher por amizade, não apenas porque gosta da pessoa, tem que fazer o melhor para o Brasil. Então ela fez uma escolha, e o que me honra é que ela demonstrou confiança.

Acha que o Congresso passa por um momento tenso? É preciso mudar algo?

Não, eu acho que as coisas estão calmas. Agora o que eu pretendo fazer de imediato é ouvir os líderes para saber a opinião, o que tem que mudar, para eu poder contribuir.

Algum partido requer mais atenção?

Em princípio não.

O sr. tem uma boa relação com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais)? Acha que Vaccarezza saiu por causa de uma interlocução ruim com ela?

Eu tenho uma ótima relação. Não sei se foi desgaste com o Vaccarezza. Mas o que eu tenho que fazer é evitar qualquer tipo de comparação e dizer que a partir de agora vai ser diferente. Seria um erro meu.

Qual será seu estilo na liderança?

Eu falo o que penso e gosto que as pessoas falam o que pensam para mim. Esse é único caminho que eu acredito. Não acredito em esperto, nem tento ser.

Prevê dificuldades nas votações aqui na Câmara?

Depende. Em dois pontos que estão na pauta o governo foi derrotado duramente aqui, que são o Código Florestal e a questão dos royalties. Não é um problema a partir de agora. Já vinha assim.

Folha