João Pessoa, 03 de dezembro de 2023 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Escrever, fazer amor, dizer coisas no ouvido, a frase que não disse antes, mais adiante, durante, feito um longo poema, que os corpos declamam e não pode ser algo ensaiado, que tem de chegar junto dos sussurros.
Casacos, vestidos, diamantes, relógios, colares e taças, um copo de cachaça – nada importa – aromas, corpos quentes, mais quentes que o Vesúvio ou o calor que está fazendo lá fora.
Gozosos, os caminhos dos corpos, que se despem sem nenhuma cerimônia. E gozosos são os modos de se fazer amor, ao perder as rédeas, já em plena cavalgada e depois sair para celebrar o que esse fazer representa nas frações do espaço mais íntimo.
Fazer amor como quem levanta uma casa. Na verdade, singular, e é também um alento e não é mais preciso chorar, depois do amor.
Amor que é também uma forma de se salvar, não como os personagens (e não heterônimos ou pseudônimos) mas tão dentro desse lugar quando duas pessoa relaxam – somos todos inteiros, tortos e arados.
Fazer esse amor sem limites, sem costuras, colando os desenhos numa cartolina, como se fosse preciso ilustrar o leito, sinuoso e labiríntico, o percurso sempre na contracorrente, mas sem pressa, sequer, na hora da profusão do sêmen e das glândulas de Skene.
Já pensou fazer amor em série? Episódios, muitas temporadas e, de vez em quando, varar a madrugada?
Há um momento na vida que é preciso caminhar sobre as águas, sem precisar ser milagreiro. Fluir.
No diário mudo, transmudar, reservar vidas que andam juntas, os deves e os haveres, de modo até autofágico, tudo o que absorve do amor, até o próximo instante, a próxima vez, o amor natural.
O amor não gosta da rotina, mas pode ser sinfônico, feito de ecos, dos sentidos, um império de sedimentos na junção das pessoas. Não se faz amor à toa. Não cola.
O que motiva esse encontro vem de bem antes, bem mais distante, bem-bom-romance, para permanecer. O que motiva o amor entre as pessoas, o fazer amor, não como uma segregação, mas como banhar a alma no sol, cego às avessas, olho no olho, beijo por beijo, na máquina de moer.
Sexo e paz, numa feérica representação da música, a melodia sentimental de Villa-Lobos, universal, do modo que se faz viciar para repetir. O sexo é o meio de expressar, o canto dos boiadeiros ou simplesmente um dia atrás do outro, noutro sentido. Assim que o sexo começa os corpos falam pelos cotovelos e tudo é sagrado. Por isso mesmo, impressionantemente, o sexo vive, come, descansa e nunca morre.
Jamais teremos a noção do tempo, numérica, jamais. O fazer amor, fazer sexo, não se confundem mais, não como nos livros, não com os personagens absortos, ou uma eterna brincadeira a dois, que nos tira do sério, que nos tira a bermuda, o vestido, a camisola do dia, e logo estamos no deserto. Silêncio!
Sobretudo a paz. que o sexo traz, da canção do compositor baiano, com os vocábulos espelhados na carne.
Kapetadas
1- Nem tudo sai certo da primeira vez, aponta reestudo. Delírio, né?
2 – Para bom aforismo, um quarto de palavra basta.
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OPINIÃO - 22/11/2024