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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Eu sou a Noiva de Corinto

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publicado em 23/12/2023 às 07h00
atualizado em 23/12/2023 às 19h10

Fui encontrar a Noiva de Corinto, em “Memórias de Adriano”  página 160. Lá, ela é apenas figurante, longe de Goeth, dos mistérios do gótico e do horror. A escritora Marguerite Yourcenar é a moldura da construção do meu texto. Aliás, quem não leu “Memorias de Adriano”, não me dê mais boa noite.

Fora do espaço de Yourcenar, lembrei do escritor carioca Fernando Soares Campos, sobre um concurso  quando Zeus nomeou o troiano Páris jurado do  Miss Olympus. Não sei se tem fundamento, mas as favoritas, segundo Homero, o melhor colunista social da época, eram Atena, Hera e Afrodite, as mais belas. E Dafne?

As candidatas podiam não ter as medidas de Marta Rocha, mas nem por isso foram menos importantes que a prenda baiana.

O atrevido Homero escreveu na sua coluna PB Olympus que, assim como os vips compram os jurados as três concorrentes tentaram corromper Páris, oferecendo-lhe mimos em troca do seu voto. Mimos é uma coisa boa, mas sexo é bem melhor.

Naquela época, Hera não era lenhosa, mas não entendia nada de objeto de consumo masculino, pois prometeu ao troiano que o transformaria em rei da Ásia e da Europa. Muita responsabilidade para um príncipe, que só pensava em sexo.

Atena jurou a Páris a sabedoria e destreza militar. Foi um tiro no pé, pois lhe soou como ofensa. O príncipe teve a impressão de que a deusa estava insinuando que ele seria um demente, além de demonstrar desconhecimento de suas habilidades como guerreiro, nas noturnas batalhas com as troianas. Batalhas de cama, imaginou a Noiva de Corinto.

Afrodite,  acredite, apesar de ter sido gerada de forma artificial, sem os prazeres que a via natural proporciona, ainda hoje é considerada a deusa do amor e do sexo. Entende de sedução e, consequentemente, de corrupção, é claro, afinal estamos nos trópicos. Foi dela a proposta irrecusável. Prometeu  a Páris que faria com que ele se casasse com a mulher mais bela. Tá vendo e o povo ainda diz que a mitologia é mentira.

Páris, como imortal –  jurado ou político corrupto, aceitou a oferta que lhe pareceu mais vantajosa, o suborno de Afrodite. Acontece que, na ocasião, a mais bonita era a espartana Helena, mulher de Menelau, rei de Esparta, que não disputava o Miss Olympus.

Com a proteção de Afrodite, eu nunca mais encontrei  o noiva da Noiva de Corinto. E  não foi amor platônico, nem sinfônico, talvez, em 2024.

A  vida, um rapto, uma bunda, um céu e a vontade de correr atrás do prejuízo.

E esse mundo que não acaba, hein?

Kapetadas

1 –  Procrastine sim, pode ser que o problema suma antes que você precise resolver

2 – Aos vencedores, as batatas. Aos vencidos, as baratas.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB